quarta-feira, outubro 31

Goedemorgen


segunda-feira, outubro 29

David Oistrakh, Debussy - Clair de lune

Pontos, posts e "registos"



Desconfio que um blog corresponde ao ponto de cruz da minha mãe. São hobbies que mantemos e que muitas vezes nos desviam a atenção do que nos incomoda, do que nos preocupa e que nos distrai. Claro que depende do “registo” que escolhemos, ou melhor dizendo, do “tom dos blogs”.
Assim como o ponto cruz, o tom dos blogs pode ir do tom pastel ao vermelho vivo, de um registo calmo ao quezilento, do ingénuo ao matreiro, do simplório ao eloquente, em matizes várias e texturas distintas. Não há semana que não tenha vontade de liquidar o meu blog, mas assim como no ponto cruz, não há semana que não se pegue na agulha e na linha.
A verdade é que conheci pessoas que dificilmente viria a conhecer se não fosse a blogoesfera. Fiz amigos, conhecidos, recebo palavras simpática e alguns enxovalhos. A blogoesfera pode ser, por vezes, um local agressivo, mas já se sabe, quem anda à chuva, molha-se.

domingo, outubro 28

Museu dos Relacionamentos Desfeitos

Museum of Broken Relationships Zagreb-baseed artists Olinka Vistica and Drazen Grubisic wanted to do something with the objects left over after they split up. They decided to collect them and put them on display and asked their friends to do the same.

Quem conhece Berlin certamente terá ouvido falar dos okupas mais famosos do mundo e do Tacheles, uma espécie de centro cultural alternativo. Eu vi-o do rio e despertou-me a atenção. Quando perguntei o que era e após uma breve explicação, fui informada que "não era interesting". Era só para saber, caramba. Segundo o Público, encontra-se por ali uma exposição itinerante sobre relacionamentos fracassados, aliás com enorme sucesso. O Museu de Relacionamentos Desfeitos, como lhe chamaram, pede às pessoas nas cidades por onde passa que ofereçam lembranças de romances, sejam de casos breves ou divórcios dolorosos. A exposição teve início na Croácia, passou pela Bósnia-Herzegovina e Eslovénia e já vai com mais de 300 ofertas. Só em Berlim já ofereceram mais de 30 objetos como um vestido de casamento e um machado, usado para destruir a mobília de uma ex-namorada, anéis, umas algemas com pêlo cor-de-rosa, uma prótese, uma bicicleta ou uma cafeteira. Todos são acompanhados de uma breve descrição do fim da relação - a ideia é ter um efeito catártico. A exposição segue para Belgrado, Skopje e Estocolmo, mas algumas galerias em França, Itália e Japão já mostraram interesse em receber esta mostra. Um dos objectos mais bizarros será o machado. Uma habitante de Berlim deixou a sua companheira, com quem vivia, para ir passar três semanas aos Estados Unidos. "Despediu-se de mim no aeroporto chorando e dizendo que não podia passar três semanas sem mim. Quando voltei, ela disse que se tinha apaixonado por outra pessoa", diz a descrição que acompanha o objecto. "A mobília dela ficou comigo. Então, para decidir o que fazer com a minha raiva, comprei um machado (...) Todos os dias parti uma peça da mobília dela". Fotografias e artigo do Der Spiegel Artigo Público 28.10.2007, Maria João Guimarães (Mais notícias aqui, aqui e aqui )

Nota: No site Museum of Broken Relationships podem ser deixadas fotografias, e-mails, ou SMS. A ideia é que as pessoas não destruam os objectos como terapia, mas que os levem antes para o museu, participando numa "história emocional colectiva", como se diz no site. "O impulso normal é destruir os objectos, os vestígios de uma relação, para seguir em frente", disse Olinka Visitika à BBC on-line. "Mas pensámos usar a criatividade para superar a dor da experiência e também lembrar, mais tarde, a alegria que estes objectos já significaram. "

A PÁGINA 161


Pede-me o Eduardo a quinta frase completa da p. 161 de uma obra escolhida sem premeditação de autor ou tema. Creio que se trata de uma nova cadeia blogoesférica.
Felizmente essa é fácil e está aqui à mão:
"(...) O mesmo se passa antes dos processos eleitorais internos, levando para dentro das secções dezenas de votos de pseudomilitantes que nunca o seriam se tivessem de pagar as quotas e que servem para garantir uma vitória eleitoral".(...)
Letra Q do livro O Paradoxo do Ornitorrinco de José Pacheco Pereira.
Caros Je Maintiendrai, O Jansenista , Combustões , Quatro Caminhos e Berra Boi. Como podem ver, nunca vos esqueço. Façam de conta que dá direito a uma corrente da Cartier... e desculpem a maçada.

sábado, outubro 27

A blogoesfera, ou a forma como a vejo

A blogoesfera ocupa o lugar do café dos finais do sec. 19. Frequentado por tipos diferentes, do pouco letrado ao erudito, do sério ao humorado, do especialista ao generalista, do militante ao diletante, do anónimo ao identificado, uns sentam-se sozinhos, outros partilham a mesma mesa e alguns dão dois dedos de conversa aqui e acolá: são os links do século passado.
Apesar do aspecto descontraído, todos querem ver e alguns querem ser vistos. Muitos olham com distanciamento para os outros, em postura blasé, mas levantam o tom de voz para se fazerem ouvir nas mesas vizinhas. De novo, os links.
Além da multidão de desconhecidos, há as mesas vip onde só se senta com convite, com direito a sitemeter acelerado. Uns vestem trajes discretos mas de bom corte, outros optam por um estilo mais arrojado: mostra-me o teu template, dir-te-ei quem és.
Lá no fundo do café, se virem uma mesa discreta em tons de açafrão e vozes animadas, posso ser eu. (continua) Editado a 27 de Novembro 06
'Café Wintergarten' Berlin

Blogs políticos em revista

Na revista Focus desta semana, um artigo sobre blogues políticos, caracterizados de "combate":
"O debate político passou para o universo virtual. A voz foi substituída pelos caracteres e pela imagem digitalizada num qualquer computador. As discussões entram e saem em cada endereço da blogosfera. Se no século XVIII eram os novelistas a percorrer a rua da Baixa Lisboeta, de botequim em botequim, iam contando as histórias das cortes, agora a via pública foi substituída pelo modem, o teclado tomou o lugar da sonoridade da palavra e as discussões, essas, são plantadas nas caixas de posts.
Eles são urbanos; ideologicamente vincados. Não se vergam ao primeiro argumento. Os teclados são armas aguçadas ao serviço de ideiais. Cada video ou imagem é moldado ao sabor das provocações. As páginas dos bloggers são espelhos que reflectem pontos de vista. A imparcialidade está longe de ser um valor a alcançar. Eles assumem-no. Ninguém mostra mais do que aquilo que interessa revelar. Dialogam com os leitores, fazem humor, discutem.
"Gosto de touradas. Quero falar de touradas. Por que tenho de ser discriminado por gostar de touradas?" afirma Rodrigo Moita de Deus, um dos bloggers entrevistados. "Somos amigos. Somos de direita. Somos parciais. Só quem não nos conhece pode reclamar isenção no 31 da Armada".(...) A direita não é a mesma de 24 de Abril de 1994. Idolatramos tanto a Salazar como Fidel Castro.(....)"

Síndrome da mudança de hora

Não é só comprar bric a brac em Greenwich. Hora de Inverno em dia de Verão. Anda tudo ao contrário. Com mapa ou sem mapa, vamos conhecendo as ruas, os mercados, os cemitérios, os personagens da cidade e, cansados, descobrimos também os parques.
Atentos aos números das portas que fazem a cidade, como o inviolável nº 10 em Downing Street, no 212 da Baker Street quase se chega a acreditar que aquilo tudo existiu. Afinal de contas é uma ficção, assim como estes fins de semana.
(Editados há um ano)
O sinistro Heathcliff a suspirar por Catherine, Catherine a supirar por Heathcliff, que por sua vez detesta Hindley, que desprezava Heathcliff, um complexo enredo com mortes, fortunas, falências, desnortes e despeitos em terrenos pantanosos.
Passear nestas charnecas de Yorkshire onde uivam os ventos, antes de partir para Londres, ainda com tempo para o Harvey Nichols. Hão-de concordar que isto de viagens sem embrulhos estrangeiros, é um desconsolo.

Fim de semana


Com o sol da Sicilia, na esplanada do bar do pequeno porto de Marina Corta. Sem mapas nem diários e pouca bagagem. Um sossego.

Marina Corta

quinta-feira, outubro 25

Praticamente em Piccadilly Circus

Ou melhor, umas horas num cabeleireiro da cidade: o rapaz que corta o cabelo é francês, a rapariga que o lava é japonesa, a manicure brasileira, na recepção ouvia-se português, e a meu lado, uma loura inglesa explicava-se como podia.
Não é para muitos, mas Lisboa está diferente.
Em silêncio não pude deixar de sorrir ao recordar o salão na minha cidade de província. Uma chatice para crianças e outra para os adultos. Quer fosse corte, brushing, mise, permanente (um horror), ou tintas, era coisa para uma manhã ou uma tarde. Curiosamente lembro-me bem daquele primeiro andar sem qualquer tipo de conforto, com um linóleo no chão e cadeiras de napa. Era assim na província, com a clientela dividida pelos três salões da cidade a que foram sempre fiéis e onde sempre foram tratadas pelo nome.
Não é para todos, mas o país está agora muito diferente.
No Abrupto, em tempo real

Fim de tarde

Já muito tarde, metro meio vazio, poucos ruídos e poucos jovens. Descobrem-se as olheiras, movimentos cansados, aos telefones combinam-se estações de encontro, confirmam-se horários, é a vontade do regresso, o beijo que tarda, o carinho que se há-de dar, o sorriso, o abraço, mais trabalho, mas para os nossos, com os nossos.
Rostos fechados não deixam ver por detrás das portas, a mulher da frente olha absorta para o reflexo no vidro, outra vai olhando para as mãos e uma outra vai olhando para todos. Estranhos que partilham um local comum, com pressa de chegar ou medo de regressar. Aquecer a sopa, refogar a carne, outra máquina de roupa, o almoço dos miúdos, a inquietação com os pais, lembrar os remédios, um bom marido, outro nem por isso, é outro dia que passa mas lá estarão à espera ou será que ainda não chegou.
Não há crianças, nem jovens, nem velhos. Hão-de todos voltar amanhã, em grupos ruidosos, em birras matinais ou em viagens solitárias.
Esta é a viagem de regresso, com as marcas da idade, os sacos, o cansaço, a felicidade da expectativa, a rotina de mais um dia, o medo da incerteza, a tristeza da solidão, os braços apoiados nas vidraças, as costas que doem e os pés inchados. Sei lá da vida dos outros. Estação terminal.

quarta-feira, outubro 24

Este blog vestiu-se de kilt para acompanhar a festa escocesa, com a Baixa de Lisboa praticamente vestida de verde e branco.

terça-feira, outubro 23

(foto)

Caro Jansenista, não há razão para temores, se bem que as minhas visões premonitórias não me deixaram ficar mal. Nem a mim, nem à senhora do serviço de metereologia a quem consultei para saber dos humores do tempo. Como isto anda, mais vale não desprezar os velhos rituais indígenas e a dança da chuva foi o que me ocorreu de mais económico. Recordo-me de que há uns anos, uma universidade lançou para os céus um projecto piloto para encorajar as nuvens a produzir chuva que se visse e sentisse, mas creio que o processo meteu água.
Aproveito para lhe dar os parabéns pelos três anos do seu blog, que acompanho sempre com muito gosto.
Deixo-lhe um livro com a história e catálogo de uma colecção com uma vida tão atribulada como importante, fruto da dedicação de um homem culto e instruído como foi Jefferson, apesar das inúmeras contradições que rodeiam a sua biografia. Um homem que sempre viveu com muitos livros, cuja venda parcial não o livrou dos credores e da penúria no final da vida.
Um dia hei-de ir a Monticello.

The Jefferson Library, Library of Congress, Washington, DC

Uma ajuda dos deuses

Rain dance flute song of the Cherokee and native american

Que este calor já não se aguenta e o blog é que paga.

Amanhã falamos. Quem sabe se a dança da chuva não estaria a fazer falta.

segunda-feira, outubro 22

Lago di Como



Protocolo

Protocolo: "Mãos nas mãos, olhos nos olhos, protocolo é isto e algo mais"-No Público de 20.10
(Nas imagens de cima, comportamentos a evitar; nas de baixo, a adoptar)
Isto e muito mais: perfumes, cumprimentos com copo, sem copo, aperto de mão, não falar demais e não comer nem beber demais, evitar estrear seja o que for (sobretudo sapatos), etc.
"Generosidade e tolerância.": primeiro manda que a atenção se vire para o outro, que se lhe dê tempo (na memória perdurará sempre mais uma pessoa que sabe ouvir, do que uma tagarela). O segundo aconselha a evitar tiques de classe ou rejeições apressadas: "Devemos recordar-nos que quase tudo já foi correcto num determinado tempo."

domingo, outubro 21

Butch Cassidy and The Sundance Kid (Raindrops keep falling on my head)

Etta Place: Butch? Butch Cassidy: Hmm. Etta Place: Do you ever wonder if I'd met you first, we'd be the ones to get involved? Butch Cassidy: But we are involved, Etta. Don't you know that? I mean you are riding on my bicycle - in some Arabian countries that's the same as being married

sábado, outubro 20

Cecilia, you broke my heart


Em 11 de Maio desde ano escrevi este post. Cecilia, Primeira Dama de França durante 156 dias, "affirme voir "tout essayé" avec son ex-mari pour relancer leur couple mais que ce n'était "plus possible".

Já anteriormente Sarkozy tinha confessado « Au fond, Cécilia, c'est mon seul souci. » Está na sua natureza: "Profondément affectée par la controverse sur son action en Libye, elle confie à une amie : « On veut que je sois dans le moule. Moi, je veux être libre. » Sa détermination « bluffe » hors tous ses proches. Ni le poids des institutions, ni les convenances ne la dévieront de son objectif. À l'Élysée, l'atmosphère devient irrespirable."

Um processo irrepreensível, silêncio de ambas as partes (como convém) e bonne chance.

Cecilia, you’re breaking my heart*
Chama-se Cecilia, a mulher do Presidente Sarkozy e confesso que nunca a tinha visto nem mais gorda nem mais magra. Porém, chamou-me a atenção aquela mulher elegante e interessante (adjectivo com que as mulheres são geralmente tratadas pelos homens depois de passarem a idade de serem giras) que no dia das eleições esteve ao lado do marido.
Parece que nem sempre foi assim, o que lhe valeu uma capa da Paris Match e a fúria de Nicolas que processou a revista, tendo ganho o processo e um euro a título de indemnização. No entanto, tudo terminou bem e passados alguns meses Cecilia voltaria para a Place Beauvau. Apesar de ter estado ausente durante toda a campanha, as revistas mantiveram-se silenciosas: a lei francesa proíbe a intromissão na vida privada mesmo das personagens públicas.
Uma vida cheia de grandes amores, teve Cecilia: o primeiro marido vinte e quatro anos mais velho, dois filhos, um político em ascensão e outro filho. Segundo afirmou "J'ai envie de ne plus avoir besoin de me justifier, de m'installer, d'avoir une étiquette.» Silenciosa, poderosa (trabalhou sempre junto ao marido) e determinada, Cecilia é uma ex-modelo que foi anteriormente casada com um munícipe de Sarkozy. Conta a lenda que quando Nicolas os casou terá pensado: "esta há-de ser minha!". E assim foi.

Cécilia María Sara Isabel é uma mulher forte por detrás de Sarko. Discretamente, geriu a imagem do marido no congresso de 14 de janeiro e depois saiu de cena. A sua presença poderia, de forma inoportuna, fazer recordar a crise conjugal que terão tido em 2005. Os jornais referem que partiu para NY, deixando para trás um marido infeliz (isto sou eu a fazer romance ou talvez não).Mas as coisas tiveram um final feliz ou eu não estaria a escrever este post.

Corre nos mentideros que ela não se adequa ao lugar de Primeira-Dama. Dizem que é pouco convencional : "Je ne me vois pas en first lady. Cela me rase. Je ne suis pas politiquement correcte : je me balade en jean, en treillis ou en santiags. Je ne rentre pas dans le moule".
Pois eu acho que não têm razão e que o Eliseu vai ficar muito elegante mesmo sem chás de caridade. Cecilia é uma mulher inteligente. Saberá certamente que se acabaram os "estados de alma" e já agora, um conselho amigo: quando lhe apetecer fazer jogging, os jardins de Paris servem tão bem como o Central Park.
Bonne chance e espero que venha por cá um dia.

*Cecilia, you’re breaking my heart-Simon & Garfunkel
(post baseado em diversos jornais estrangeiros )

Fotografias

(video com música desnecessariamente jocosa)

sexta-feira, outubro 19

Literatura underground: a sequela

Entra na minha carruagem do metro uma senhora jovem, provavelmente professora e senta-se no lugar vago a meu lado. Do saco tira um livro com a capa forrada com aquele papel antigo, forte, com o qual se costumavam forrar os cadernos, em cinzento ou cor de vinho. Recordei-me de ter escrito isto, numa tentativa frustrada de verificar o que lia a senhora que viajava à minha frente, com a sua privacidade à prova de olhares curiosos como o meu. Mas esta estava demasiado próxima e era quase inútil resistir à minha curiosidade mas não à minha ignorância:"A ilha das Trevas", capítulo Flandres. Diz o google que o José Rodrigues dos Santos tinha ali uma leitora atenta. Saíu nos Anjos, provavelmente já sabedora da Fórmula de Deus.

Um grande beijo

Morreu ontem Deborah Kerr.Tinha acabado de fazer 86 anos, era uma senhora idosa. Aqui fica um grande beijo: O beijo incendiário entre uma mulher adúltera e um sargento nas vésperas da II Guerra Mundial é a imagem que eternizou Deborah Kerr, que partilha com Burt Lancaster essa imagem na história do cinema.

quinta-feira, outubro 18

In a letter written in 1926, Scott Fitzgerald explains "There was no one at Antibes this summer, except me, Zelda, the Valentinos, the Murphys, Mistinguet, Rex Ingram, Dos Passos, Alice Terry, the MacLeishes, Charlie Brackett, Mause Kahn, Lester Murphy, Marguerite Namara, E. Oppenheimer, Mannes the violinist, Floyd Dell, Max and Crystal Eastman ... Just the right place to rough it, an escape from the world"

quarta-feira, outubro 17

É quase fim de semana



Frances Stevens: I have a feeling that tonight you're going to see one of the Riviera's most fascinating sights.
[pause]
Frances Stevens: I was talking about the fireworks!
John Robie: I never doubted it.
Frances Stevens: The way you looked at my necklace, I didn't know

Obrigada

Obrigada ao 31 da Armada pelas palavras tão simpáticas que me dirigiu acerca do meu relato da Moda Lisboa. Já agora, os meus sinceros parabéns pela transmissão do congresso. O meu prémio para o melhor filme e melhor representação vai para : "O partido mais português de Portugal" e para o Nuno Costa Santos. Achei mesmo fantástico.

Horror à la minute

Não estão ainda editadas as entrevistas de bastidores que fiz a Vicky Fernandes, Lili Caneças e Tenente durante a Moda Lisboa, mas antes que me esqueça, uma pequena nota sobre fotografias. Não são as que eu tiro, claramente más ou melhor, horrivelmente escuras, mas sobre outras que também não lhe ficam atrás.
Falo das fotografias à la minute, aquelas que se fazem geralmente no Metro, tiradas à pressa, sem pose nem pente, e que nos tornam umas cadastradas em potência. Já não me recordava da última vez que estive enfiada naquelas cabines presas por cortinas a olhar para o boneco e a acertar o banco. Mas desta vez foi necessário e, munida de quatro moedas de um euro, instalei-me o melhor que pude, quando começo a ouvir uma voz do além. Lá dentro, soava uma menina que mal sabia falar português e ia dando as instruções o melhor que podia. Pareceu-me eslava mas também com algum sotaque nipónico. Não foi conclusivo. O tempo de exposição única já lá vai. Agora é como no multibanco: temos três expressões à escolha e o freguês escolhe a melhor ou a menos má. É ir carregando nas teclas verdes, para cima, para baixo e para os lados e tudo num português de fugir, mas não pode, antes que a luz dispare.
Não sei como, mas lá sairam as quatro fotografias tipo passe. A menina agradeceu-me e espera que eu volte lá em breve. A avaliar pelos exemplares saídos da máquina, também eu posso ser ucraniana, japonesa ou mesmo cabo-verdeana. Só falta mesmo uma placa com números ao pescoço.

terça-feira, outubro 16

Na moda - final




Bastidores
Final do dia

Momento "fashion"

Parece-me bem esta música para a passarela, ou mesmo para passear na Baixa sem passos de dança nem caras sisudas
Scissor Sisters

Na moda (13)











O Osvaldo Martins apresentou um styling curioso com os manequins de barbas compridas e orelhas de plástico, exclusivamente roupa masculina em tons pastel, castanho e cinza, com algo de vintage mas de linhas muito actuais. Desfilaram calções de banho, fatos elegantes e roupa mais informal, mas tudo com apontamentos personalizados que faziam a diferença.
Nos bastidores, apesar de cansado falou muito brevemente comigo. Gabo-lhe a paciência. Perguntei-lhe quem gostaria de vestir: o Johnny Depp, que considera um personagem muito elegante. E as mulheres portuguesas? Precisam de arriscar mais, e eu concordo. Recordei-lhe as palavras da socióloga Benedetta Barzini ao Público "As roupas nunca mentem sobre a sociedade em que estamos" com as quais ele não pode estar mais de acordo e falou-me das espanholas e da forma solta e alegre como vestem.
Touché, Osvaldo.

Na moda (12)





Finalmente a Anabela Baldaque trouxe alguma cor: o vermelho, o lilás e os estampados alegres. A maioria dos modelos iam perfeitamente com a minha cara mas certamente muito mal com a minha carteira. Sem dúvida roupa muita elegante capaz dos maiores milagres. Freguesas bonitas podem fazer freguesas felizes, ou vice-versa.
Assistência variada com políticos como Jorge Lacão e Maria de Belém Roseira, de novo muito jet set e jornalistas conhecidas, mas ninguém tão famoso como o José Castelo Branco, acompanhado do filho, cuja entrada fez furor. E fico por aqui, pois não encontro palavras para descrever o frisson a que assisti e as fotografias que tirei não lhe fazem justiça.

Na moda (11)











Cheguei no Domingo a tempo de ver o desfile da Anabela Baldaque. Anteriormente tinham passado os modelos da Lara Torres, do Ricardo Dourado e do Nuno Gama.
Não vi a passagem do Ricardo Preto, mas assisti ao Osvaldo Martins e já não fiquei para o Nuno Baltazar.
A zona social estava cheia de social e não só: modelos, estilistas, conhecedores, conhecidos e desconhecidos, just name it. No club encontrei um blogger que estava ali na esperança de encontrar raparigas solteiras, giras, inteligentes e sensíveis às artes, estou a citar. A avaliar pelo grande número de meninas giras, inteligentes e sensíveis às artes que devia haver na sala, só mesmo a triste constatação do estado civil das mesmas pode ter levado a uma tão rápida retirada.
Para mim, uma bebida energética sem açucar.

segunda-feira, outubro 15



Brevemente, pequenas entrevistas de bastidores com Vicky Fernandes, Lili Caneças, Osvaldo Martins e José António Tenente, a quem agradeço a gentileza.

Na moda (10)











Sob o signo do chocolate
O desfile de Pedro Mourão teve um Willy Wonka em versão portuguesa, calças esguias, muitas cores pastel, castanhos, écharpes, cinzas, casacos curtos de malha, em modelos muito elegantes e cosmopolitas. Por falar em modelos, podem não acreditar, mas andava por lá um Michael Scofield mais novo e mais baixo. E não era no Prison Break, era mesmo ali na passarela.
E prendas? Verifiquei sem surpresa que estava na escala zero do prendómetro. Mesmo assim, cheguei a casa com vários porta-chaves, uma agenda janota, um vaporizador de água, um guarda-chuva, um saco vermelho com diversas revistas, o Diário de Notícias e a suspirar por uma extreme makeover.



Na moda (9)











O desfile de Ana Salazar iniciou-se sem música e com as modelos a desfilar em silêncio. Uns minutos depois surge a estilista com um rádio na mão, palmas, música e saem modelos em tons esbranquiçados e chapéus de feltro branco. Seguem-se vestidos de malha em preto e cor de tabaco, vestidos estampados em seda, calções, mais preto, branco, calças, sandálias de cunha e t shirts de alças bem giras. E como não podia deixar de ser, alguns modelos ousados, mas nestas coisas é preciso ousar.
Logo à minha frente, no lado oposto da bancada, as primeiras filas estavam cheias de vips, desde o presidente da Câmara até muitas caras que conheço das revistas e outras que não conheço. Mas eles conhecem-se todos.
Um dos mais importantes cronistas sociais (pareceu-me simpático) estava literalmente sentado aos meus pés, o que neste caso significa que tem um estatuto bem mais importante que o meu. Segundo percebi, totalmente ignorante destas andanças, a primeira fila é a special one.
E calor, caros leitores, muito calor.

Na moda (8)













A edição de Sábado começou com António Tenente, seguindo-se Ana Salazar, Pedro Mourão, White Tent, Aleksandar Protich, Lidija Kolovrat, Lion of Porches e por fim Maria Gambina.
Os desfiles começarm muito bem com os modelos de Tenente mas muito mal para mim: sem pilhas, a máquina fotográfica naturalmente não trabalha. Um fotógrafo simpático apiedou-se de mim e emprestou-me um par até final do dia. Imagino o que deve ter pensado, mas disfarçou muito bem. Não volta a acontecer.
Elegantes e suaves, muito a meu gosto, os modelos de Tenente. Alguns deles ficariam muito bem no meu armário e com alguns quilos a menos ficariam ainda melhor no meu metro e setenta.
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