Sem falsas modéstias, transcrevo o post do Pedro Picoito no Cachimbo de Magritte:
"Ler, por favor, estes dois posts da Isabel Goulão. Agradeço-os porque devo muito a uma "doméstica": a minha Mãe. E porque, tando nascido em Lisboa, sou no fundo um provinciano. Era eu criança e o meu Pai, juiz de comarca, percorria o país dispensando a lei aos indígenas. Meridional de muitas gerações para quem a Finlândia começava em Alcobaça, conheci assim a Granja, Arouca e Ponta Delgada antes dos dez anos. Em 81, uma comissão de serviço trouxe-nos de novo à capital. Até hoje. Lisboa deslumbra-me, mas ficou-me sempre a nostalgia da província. Desconfio de lugares onde não se pode fazer a vida a pé e na província as coisas são o que deveriam ser. O ar cheira a ar, a terra cheira a terra, a noite é mesmo noite, o tempo é mesmo um rio que passa lentamente e sobretudo, ó meu Deus, sobretudo o silêncio tem qualquer coisa dentro e é não aquela muralha que se ergue contra os outros para defender um reino de que somos o rei e o único habitante. Um provinciano é alguém que lê o post da Isabel e se lembra do Padre António Vieira: "Nascer pequeno e morrer grande é chegar a ser homem. Por isso nos deu Deus tão pouca terra para nascimento e tantas para sepultura. Para nascer, pouca terra; para morrer, toda a terra"."
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