terça-feira, julho 24

Com corantes e conservantes

"De agora em diante o meu propósito é simplesmente descobrir como sobreviver num país que persegue nas praias os vendedores de bolos enquanto nas falésias se alinham os mais monstruosos projectos urbanísticos saídos da mente humana. Todos legais, claro. Os monstros urbanísticos. Porque os desgraçados dos vendedores de bolos são, segundo os iluminados da ASAE, o grande problema das nossas praias. "
Sei do que fala a Helena Matos. Não há por onde fugir: à esquerda, à direita, por todo o lado estão os monstros urbanísticos que em tão pouco tempo destruíram, irreversivelmente, praias e o encanto de locais onde fomos felizes.
"Nunca adoeci por ter comido bolas de Berlim com creme, vendidas por gente que não tem licença(...)", escreve a autora. Eu própria não sei como medrei até ao meu metro e setenta após tantas noitadas de Verão entre jogos de cartas, batatas fritas e sumos cheios de corantes e conservantes, feitos de pacotinhos em pó de sabores variados.
Não eram tempos de fartura nem de lojas de conveniência, mas havia quem improvisasse gelados a partir desses sumos que nada tinham de natural. Pelo contrário, sabor mais artificial não podia haver mas se bem me recordo, acho que não havia outros. A "técnica" consistia em colocar um palito na couvette quando estavam meio sólidos e ei-los prontinhos para umas horas de congelador. Depois, a graça era ver desaparecer a cor até ficarem transparentes. Perdi e ganhei muitos jogos de king dependurada em gelados-couvette com sabor a ananaz e estou aqui inteirinha. Posso ter perdido horas de sono por diversos motivos, mas nunca por dores de estômago.

10 Comments:

Blogger JC said...

Cara Miss Pearls:

Helena Matos é sempre alguém que leio com indiscutível atenção e cujas opiniões, concorde ou não, respeito. É uma mais-valia no espaço do comentário político e de sociedade. Neste caso estou em completo desacordo. Sabe onde pode encontrar a minha resposta.
Cumprimentos

4:35 da tarde  
Blogger Maria de Fátima Filipe said...

Eu sou franca: com creme não gosto, mas praia sem uma bola de berlin SEM creme, não é praia... :) quando se consegue "parar" no Guincho, não há fim de tarde mais delicioso,comer uma bola a seguir ao banhinho naquelas ondas, ai ai, e eu "praqui" enfiada, a ver o sol pela janela.. :)

5:51 da tarde  
Blogger M Isabel G said...

Caro JC
Já tinha lido o seu post e também não concordo com ele :)
Dou-lhe o caso da minha praia:
Se os bolos não fossem bons alguem os comprava? (Ora quem..)
Se houvesse alguma indisposição acha que não se sabia na hora??? (ALI???..)


Ariel,
Tb não gosto de bolas com creme, mas quem fala de bolas fala de pasteis de nata, mil folhas, palmiers, tudo acabadinho de fazer :)

11:51 da tarde  
Blogger M Isabel G said...

Já agora Ariel,
Como é que nos criámos com passevites de metal, máquinas de picar carne feitas de liga de ferro, colheres de pau, rolo da massa de madeira, etc etc
Eu que fumo, acha que estou ralada com bolas de berlim que o máximo que podem produzir são grandes corridas à casa de banho??

11:56 da tarde  
Blogger definitivo said...

Uma frase feita: tomar a parte pelo todo.

Querem lá ver que agora a ASAE é a culpada de tudo... Só porque está a actuar... A conseguir fazer em ano e meio, o que a IGAE, a APSA e a DGFCQA, não conseguiram ao longo dos anos!...

Quem está contra o fecho de restaurantes a funcionarem fora da lei, sem condições de higiene, originando prejuízos para o Estado e riscos prá saúde pública?

Quem está contra o combate... à contrafação?

Quem está contra a apreensão de alimentos impróprios para consumo?

Quem está contra a apreensão de tabaco com níveis de alcatrão e monóxido de carbono elevados?

Quem está contra o fecho de bares em Lisboa, cujos donos se governam à custa de menores de 16 anos e onde a entrada é vedada... aos adultos?

Quem está contra o combate ao vinho (português) adulterado, que levou à morte várias pessoas em países do leste?

Suavizando, quem está contra a regulamentação das esplanadas que, chegado o verão, "dilatam"... até à rua?

Quem está contra... levante o braço.

E porque não as bolas de Berlim?!... As fora da lei, claro, porque as outras também são boas mas... são legais.

Os "monstros" das falésias...! Então, porque é que não se culpa a ASAE pelo fecho das maternidades, dos hospitais, dos SAPs, das escolas, dos despedimentos sem justa causa, do "emagrecimento" demográfico, das delações para subir na vida, do aumento do petróleo, incultura de Bush, da guerra do Iraque, do preço da castanha, da falta d'apetite...

Reza a estatística: em 2006, a ASAE, em cerca de 20 000 operações, fez mais de 7 000 contra ordenações e processos-crime. Fecharam à volta de 600 estabelecimentos.
Como dizia o outro, deixem-nos trabalhar!...

Definitivamente, não consigo "aprender" a escrever em Blogs. Por causa disso, Miss Pearls, tenho uma dúvida: não sei se lhe devo pedir desculpas por cada vez que exagere ou, então, se não será melhor não lhas pedir, e acumulá-las, para lhas pedir quando o seu "saco" encher.

Abraço

Sousa


PS: na minha juventude mais ou menos distante, tinha um vício interessante: nas tardes de sábado e nas tardes de domingo, sentava-me na mesa do café, esperava que viesse o empregado, pedia-lhe uma cerveja, duas bolas de Berlim (com creme), bebia a cerveja enquanto atrasava o "mastigar" da 1ª bola, chamava o empregado, mandava vir mais uma cerveja, comia a 2ª bola (já sem atrasos), satisfeito, levantava-me, e ia à vida, com cara de felicidade... agridoce.

4:33 da manhã  
Blogger JC said...

Olhe, caríssima Miss Pearls: a mim tb me sabem bem. Sobre isso, não tenho dúvidas! Mas, como v. tb sabe, tudo o que é bom ou faz mal ou é pecado!Com os pecados, importo-me pouco. Mas ele há tanta coisa melhor do que bolas de berlim da praia!

11:24 da manhã  
Blogger Maria de Fátima Filipe said...

Ai Miss Pearls, permita-me mas vou outra vez meter a colherada nesta discussão tão "escaldante" quanto "doce", quase do tipo "doce pecado".
Não me parece, definitivo, que se esteja aqui a por em causa aqui o balanço da actividade da ASAE. Trata-se para mim dos bolinhos na praia, e quejandos...e como em tudo na vida há os bons e os que não prestam. à chacun de choisir...
Quanto a haver tanta coisa melhor do que as bolas de berlim na praia, JC, concerteza que haverá, mas lá que elas são boas, SEM creme, lá isso são..:)

Um abraço açucarado, Miss Pearls :)

3:31 da tarde  
Blogger Isa said...

clap clap clap miss pearls plo texto e plos comentários.

este pessoal n percebe que a uniformização é para quem é uniformizável e essa história da higiene, colheres de pau de plástico e outras que tais é mas é um negócio.

da uniformização só me lembro de um amigo indignado com Bruxelas por causa da uniformização dos preservativos. estava preocupado com a escolha do país que serviria de padrão...

Bjs,

12:45 da tarde  
Blogger Dulce said...

Não sou menina de bola de berlim, pastel de nata ou bolacha americana em dias de Verão. (Nas raras vezes em que tenho a oportunidade de saborear a maresia e o areal, fico-me sempre pelo pré-histórico Cornetto. ) Ainda assim, considero oportuno que a ASAE faça o seu trabalho... Agora, o que é passível de ser questionado são os critérios de prioridade. Tanto tasco por esse Portugal fora a praticar preços elevadíssimos e sem cumprir as normas mínimas de higiene... e começam logo por maçar as senhoras de cãs e bata branca, que não creio que se lembrem de dar azo a gastroenterites e afins, correndo o risco de perder os fiéis clientes sazonais. É certo que a ASAE limita-se a cumprir o seu dever, mas é exigível que pautem a sua actuação por um princípio de sensatez e razoabilidade...

Quanto ao outro atentado, o dos “mamarrachos” urbanísticos, esses não são novidade. Dá-se a volta a muitos PDM’s e contra tudo (essencialmente tudo o que é do bom senso...) constroem-se as coisas mais inusitadas. O resultado está à vista: mais do que as bolas de berlim a transbordar de creme, os atentados urbanísticos são um perigo que parece estar longe de ser controlado...

4:59 da tarde  
Blogger M Isabel G said...

Olá Dulce
Escrevi abaixo sobre os tascos de beira de estrada, um nojo a céu aberto, que deviam estar fechados. Assim como as imundices que existem perto das praias a preços igualmente nojentos.
E claro Dulce: haja bom senso.
Isto sem falar dos monstros que demoraram tão pouco tempo para destruir as praias. Não não aprendemos nada. A ganância e o business e o dinheiro fácil é sempre o caminho mais rápido

Isa
Nao sabia disso dos preservativos.
:)

6:16 da tarde  

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