O que é realmente importante
"Azar" de quem está doente:
Mulheres que querem fazer um aborto têm que ser atendidas em cinco dias, quando uma consulta de ginecologia pode demorar meses
Entrevista do Público ao obstetra Vítor Neto: "Há um nítido apoio ao aborto a pedido".
Como é que acha que as coisas estão a correr no terreno?
Nós sabemos que o Sistema Nacional de Saúde tem dificuldades financeiras, quem trabalha no sistema sabe que tem ser moderado nos gastos, que antes de prescrever dados meios complementares de diagnóstico, os mais caros, tem que pensar três vezes, tem que os justificar. Vivemos num sistema em que uma mulher para ter consulta de ginecologia ou de planeamento familiar pode demorar meses. Eu não tenho vaga até ao final de 2007.
Existe lista de espera?A consulta de ginecologia do São Francisco de Xavier tem 1500 mulheres à espera. No sítio onde eu trabalho, uma mulher tem dificuldade para ter consultas por falta de médicos e dinheiro; ao mesmo tempo, a quem quer abortar tem que lhe ser dada resposta em cinco dias. A minha objecção tem a ver com isto: em consciência não posso admitir que se dê este facilitismo a pessoas que não estão doentes e pessoas que necessitam de consulta não têm de longe nem de perto a mesma resposta.
Mesmo casos graves? Uma mulher que aparece com um tumor do ovário ou uma lesão do colo do útero que precisa de ser esclarecida pode ter que estar meses à espera. Eu próprio pergunto por que é que não há administradores objectores de consciência. (...)
AS MULHERES ESQUECIDAS:
(...)Podemos mesmo afirmar que há casais que acabam sem filhos simplesmente porque não têm (ou não tiveram a tempo) capacidade económica para recorrerem às clínicas privadas, ou ainda porque o sistema público não admite mulheres com idade superior aos 38 anos. Sabemos de casos de casais verdadeiramente desesperados e atropelados por um sistema que os exclui e que os esquece. São traumas que ficam na maior parte dos casos para toda a vida(...)
7 Comments:
Fale-se da abjecção da lei, dos homens que a moldam segundo a própria dureza obstinada e a decorrente sementeira de injustiças.
Tu, Miss Pearls, que tens o benefício sorridente da mediação arco-íris blogo-papizante e monopolizas o bom-tom e tanta chiqueza e tanta comunhão esférica e tanta bênçao blogurbe et blogorbe, lembra-te de mim quando chegares ao teu Reino blogoPeroliniano que eu farei o mesmo contigo, quando chegar ao meu entre os blogopobres e bloguescorraçados.
Não gostas de vozes proféticas, duras, eremíticas, de urze, no meio de tanto bafio bien? Vá lá, um pequeno esforço e Cristo luzirá na tua vida.
Realmente! Ainda não percebi que ordem de valores guia os humanos ao fazer estas regras.
A menos que de humanos se não trate. Serão antes hominídeos, ávidos forjadores de negócios (janelas de oportunidade é como lhe chamam), antropófagos dessa subspécie de mominídeos deslumbrada ou cega, domesticada e bem posta em rebanho, sorvedora voraz de toda a modernidade de pechisbeque que se lhe ponha diante do nariz apenas e só porque lha dizem moderna. Como lhe falta o mínimo senso julga que é livre porque lhe dizem que sim. Entretanto tratam-lhe da saúde.
Cumpts.
Caro BIC
Leu as palavras que as mulheres que nao conseguem ter filhos trocaram naquele fórum? São anos de sofrimento. Procuram alguém com quem possam partilhar tanto silêncio que calam.
E as que não têm milhares de euros para gastar numa clínica privada de fertilidade, onde nada é garantido?
Sim, porque nos hospitais esperam dois anos aproximadamente por uma consulta.
Há aqui um obsceno desfazamento entre políticas de saúde, não acha?
Em relação à inseminação artificial também não comparava porque sou pelo natural. E a quantidade de embriões que vão para o lixo ainda é pior. Agora a comparação com doenças e listas de espera, isso sim. Se esta treta da "despenalização" não fosse uma medidade de pacote ideológico estava tudo calado.
Simplesmente vive-se num mundo orwelliano: "o que não é proibido é obrigatório".
Na Holanda, que é sempre o padrão para tudo, existem comunidades onde nem sequer se admite o aborto e só há pouco tempo passaram a poder ver tv.
Zazie
Conheço algumas mulheres com anos de tratamento. Umas tiveram êxito e cada uma três lindos gémeoos já criados :) outras infelizmente não conseguiram.
Não sei quais os tratamentos que fizeram mas acho que fizeram os que havia desde França até no Canadá.
Pois, assim será. O que queria dizer é que o teu post, com essa entrevista ao médico, focou o essencial- a discrepância entre os cuidados de saúde no nosso SNS e o aborto lá metido a martelo- com prioridade ideológica.
Enviar um comentário
<< Home