Beira-rio
Santa Engrácia não tem culpa nenhuma, a desgraçada, tantas vezes invocada em referências pouco elogiosas a obras portuguesas. É o caso da frente rio com a construção do metro, do saneamento e não sei que mais, nada feito em simultâneo, abre, fecha, destrói, e para se levantar qualquer coisa é esta apagada e vil tristeza.
Por aqueles lados, as vistas são penosas: prédios degradados, ruas desertas, comércio inexistente, locais inóspitos, desabitados, edifícios abarracados, habitações de grandeza entulhada e o rio ali tão perto. Ao que chegou esta cidade bloqueada por mil um planos, dezenas de obstáculos e inúmeras capelinhas onde vegetam impressos para portas, sacadas e janelas. Os passeios, em desgraçada calçada portuguesa e habitat natural dos carros e da publicidade, são agrestes para quem os frequenta. Nada disto bate certo quando se troca uma árvore por um lugar de estacionamento.
Pela fresca já se veêm turistas encartados, meio perdidos pelas ruas vazias onde não se vislumbra um café aberto ou uma loja decente. Nadinha. Têm o rio ali ao fundo e chega. Cidade estranha esta, onde se destrói o antigo, não se conserva o especial, habitada por balcões de zinco, cadeiras de plástico, ou cafetarias lounge, chill out e demais modernices que hão-se sair de moda. Longe vão os estabelecimentos de madeira escura, azulejaria garrida e as capitais da Europa aqui tão perto.
1 Comments:
Tens toda a razão. Esta manhã andei bem cedo a passear por Cascais e senti o mesmo que tu, passeios degradados, montras partidas grafittis e outra coisa muito feia: garrafas de cerveja nos passeios nos parapeitos das janelas nos muros...
Uma tristeza!
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