domingo, maio 22

Tanto mar


Anda tudo de boca cheia de tanto mar. Aliás, há anos que ouço falar do mar como recurso, estratégia e outras coisas fantásticas de que os portugueses gostam de alardear e nada fazer. Pois bem, hoje comemorou-se o Dia da Marinha e festejou-se a efeméride de ambos os lados do rio. Eu também por lá andei, logo pela manhã, com outros curiosos, em visita a locais pertencentes a esta vetusta e rica instituição.
É bizarro que tendo vindo lá das berças nas cercanias de Espanha, nascida e criada entre olivais, pedra rija, solos difíceis e clima esquizofrénico, me dê esta queda para o mar. Ou talvez por isso, me dê este gosto pelo mar de que ouço tantos santinhos tecer loas entre citações de Camões e Pessoa. Se calhar já era tempo de se fazer qualquer coisa, pois no rio andavam solitários meia dúzia de barquinhos de recreio, a lembrar que o apoio ao desporto é para os pontapés na bola. Esta gente vai a tanto lado e não aprende nada, valha-me Deus.
Não tenho quaisquer laços familiares com estas fardas azuis. Da instituição militar guardo unicamente recordações de um tio por lugares coloniais de guerra dura e nada mais (e já foi muito), mas aprecio o zelo e o aprumo dos que seguiram a carreira. Creio, porém, que a vida de marinheira dava cabo de mim.
Bem notado por um dos vistantes a representação eloquente de D.João VI espadaúdo, garboso e altivo, só correspondente a uma estátua equestre de Américo Thomaz. Uma graça de oportunidade a desenvolver até onde nos levar a imaginação.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Por motivo de afazeres profissionais, que me levaram até paragens bem distantes, perdi um pouco do contacto com este seu blogue. Confesso que havia até ficado um pouco esquecido nos recantos da memória, cada vez mais (alas) fugidia. Mas hoje retornei (e não foi preciso comer nenhum bolinho para o efeito). E redescubro a alegria de a ler. Ainda para mais, perdoe-me o pequeno orgulho, quando fala do meu oficio, que tão esquecido anda hoje em dia. Cumprimento-a à distância, Isabel, uma verdadeira senhora. E imagino como deve ser marcante a sua presença (nem que fosse por ter um metro e setenta, pois disso não me esqueci).
Um criado ao seu dispor,
Jorge
(oficial de cavalaria)
ps - como dizia o Mouzinho: ser soldado é servir a causa pública, trabalhar sempre para os outros.

11:44 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home

eXTReMe Tracker