segunda-feira, janeiro 24

Outras cruzes

As pessoas que estão nas mesas de voto são um pouco como as funcionárias dos consultórios médicos  (e até como os cobradores dos comboios), com quem convém manter uma atitude cordial: a qualquer momento podem informar-nos de que não podemos votar, que só há marcações para o mês seguinte (e até que estamos no comboio errado). 
Perante estas individualidades, aconselha a experiência que não devemos hostilizar quem se encontra à nossa frente com o poder de correr connosco, pelo que é aconselhável manter um comportamento cordato e positivo, pensar que tudo vai correr bem...vai correr bem...
Na mesa de voto, felizmente, não tenho tido problemas apesar do cartãozinho um pouco sebento com as letras a desvanecer. Já com as senhoras dos consultórios (sempre mulheres?) nem sempre a vida me corre de feição e acabo sempre por mendigar a informação de uma desistência.
Pois bem, quando comecei a votar em Lisboa, havia no local aproximadamente vinte mesas de voto e claro, com a minha juventude, votava sempre nas últimas. Com o passar dos anos, tenho vindo a aproximar-me perigosamente das primeiras seis, deixando para trás os mais jovens, a curta distância das senhoras de casacos de peles, excesso de base e cabelo ripado.
Estou por tudo. Também quero chegar-me à frente com saúde, mesmo com o cabelo vermelho saído do bingo de Blackpool.

NOTA: Tenho andado a interrogar-me sobre a razão pela qual os escuteiros não me impingiram, este ano, nem calendários nem canetas. Será que existe alguma "lista negra" de pessoas a quem é inútil tentar vender o merchandising?
NOTA 2: Perante o boletim de voto, faço uma cruz modesta e confirmo duas, três vezes se ficou no lugar. Ninguém vê nada, pois não?

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

muito bonito, Miss. Ainda bem que voltou à escrita

11:09 da tarde  

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