segunda-feira, novembro 30

Web log na calçada

Depois de uma breve e frustrante incursão no mundo da restauração (onde nem tudo corre sempre assim tão mal), constato com alguma irritação que o panorama do comércio de vestuário também já viu melhores dias, e não falo sequer de grandes armazéns. Seja porque as empregadas se sentem indispostas, mal pagas, cansadas ou até sem qualquer jeito para a função, a verdade é que se torna cada vez mais difícil encontrar um bom atendimento. Não são necessários grandes sorrisos nem mesuras. Um pouco de afabilidade e alguma competência já me chegam, que sei arranjar-me sozinha. Curiosamente, talvez devido a frágeis contratos laborais ou a alguma formação, a verdade é que me entendo muito bem com as meninas de uniforme. São despachadas e cordatas. Ça suffit. Claro que há simpáticas excepções no comércio de rua. São essas que nos fazem voltar aos locais onde somos bem recebidos. Por mim, trato os outros como gostaria que me tratassem a mim, e sei do que falo.
Têm sorte comigo, as criaturas mal encaradas, que não sou pessoa para cenas estridentes nem quezílias de trapos. Aprendi a poupar-me e não compro guerrinhas de balcão, mas conheço muito boa gente que não lhe custaria nada, como represália, pedir todos os modelos trinta e oito em cinco cores. Estes últimos dias, uma maçada, têm sido fatalidades umas atrás das outras, praticamente corrida à vassourada com o ar de enfado não de uma, nem de duas, mas de três filhas de Deus mortinhas por me ver pelas costas. Mas quando a dondoca da televisão a meu lado pediu lençóis Ralph Lauren para a criança, a parvalhona mudou logo de registo, e eu mudei de loja.
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