Ricas vidas (3)
Tendo sobrevivido a uma passagem de ano de champanhe de marca italiana manhosa com rolha plastificada (houve mesmo quem sugerisse que fosse chinês) e porque no primeiro dia do ano o país tem as portas fechadas, nada melhor que mudar de calendário com ar e vento entre bátegas de chuva.
Sugeriram-me amigos, já que me encontrava no Alentejo, que fosse visitar a capela de um antigo mosteiro agora convertido e adaptado a hotel de cinco estrelas com spa embutido. De caminho, visitava também as zonas não exclusivas a clientes e depois que telefonasse a dizer o que achava.
Não passei do parque de estacionamento: há muito que não via tantos carros topo de gama. Saio pouco, bem sei. Houve tempos em que me eram permitidos alguns pequenos luxos, but not anymore. Nem sei bem explicar o que significaram para mim aquelas largas dezenas de viaturas contabilizadas em muitos milhares de euros. Foi como se de repente estivesse quase do lado de lá dos que têm pouco e aqui estivessem os que têm muito, sem ninguém pelo meio. Foi como se repente tivesse percebido que esse conforto do remedeio tivesse deixado de existir.
Obviamente que nada me move contra quem aqui pode pagar estadas que a mim me parecem milionárias. Não é lindo de dizer, mas invejo-lhe os programas desintoxicantes, o sushi, a lagosta suada e as massagens relaxantes. Eu própria estou em dieta caseira: não como farináceos nem açucar ou bebo álcool há dois dias. E até faria massagens e exercício em condições se este país fosse decente com ginásios decentes a preços decentes.
E foi assim que demos meia volta e voltámos para trás: é tão dissuasor um hotel cheio de milinários como uma mega centro comercial atafulhado em altura de festas. Visto estarmos no Alentejo e como latifundiários já não existem, talvez houvesse por lá muitos rendeiros ricos. Sem ofensa, claro.
Haja justiça e saúde.
5 Comments:
Miss Pearls, não precisamos de ginásios decentes a preços decentes. Corramos na rua. Andemos mais a pé. Porque não?
Não, caro leitor!
São necessários ginásios decentes a preços decentes porque nem todos podem correr pelas ruas mas todoso deveriamos ter direito ao exercício e ao desporto a preços decentes.
NO Luxemburgo ia a um ginásio de uma "junta de freguesia" onde nada faltava. Nãoera luxuoso, mas era muito simpático e muito eficientes. A preços mais que razoáveis.
Não seriam concerteza pessoas com bom gosto - um carro é um carro e basta um que ande, toda a gente sabe disso. Não seriam futebolistas?
Não seriam futebolistas?
:)
;)
Só se fossem todos os jogadores do Manchester, Chelsea, italianos, Barça, etc. etc..
Miss, existem por aí muitos ginásios a preços decentes, não incluem é spa's nem massagens. Muitas vezes estão às moscas e com dificuldades á mingua de praticantes que fugiram para os Holmes Places deste mundo.
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