sexta-feira, dezembro 26

Feitiços

E este ano, o feitiço continua com a música do ano passado repetida nas rádios sem parar, mas agora já um pouco requentada, ou melhor, um pouco farta.
Desconfio também que a crónica da Ana Sá Lopes no DN em 2007 terá também passado de prazo. Penso que já chega. O ano passado, depois de a música ter ganho alguma dignidade com direito a texto de jornal, também senti as costas quentes para me revelar "fã clandestina" da xaropada do momento, mas a verdade é o feitiço, uma ano depois continua uma autêntico enguiço: Eu não sei o que me aconteceu/foi feitiço o que é que me deu/ /para gostar tanto assim de alguém/como tu. "Conhece este refrão? É natural. Está nos tops há semanas e passa incessantemente na rádio. O autor, um músico até agora menos conhecido chamado André Sardet, passou a ídolo xaroposo. Os taxistas com quem tenho viajado estão encantados. Eu também.Vá lá: aquilo é um grandessíssimo xarope. Cubro-me de vergonha a dizer que gosto.(...)" Pois a verdade é que entre o pára/arranca da cidade, dou por mim a entender-me com o cantor mais as suas dúvidas de amor. Tem razão, o rapaz. Estava Pascal também coberto de razão: "O coração tem razões que a própria razão desconhece" . Se ouvirmos o resto da canção, nada daquilo faz sentido, ou melhor, o resto não interessa nada. A música é o refrão, bem explicado pela ASL: "aquele que ama está fora da lei, da lógica ou do pensamento. É um imbecil à solta." Mas agora, sei bem o que me aconteceu e o primeiro impulso, se bem que mais justo e mais verdadeiro, tem asas, pode voar, ir ao fim do mundo e nunca mais voltar.
A minha amiga, que por esta altura desatava num pranto assim que ouvia esta música, já se abana ao som da Madonna e do Timberlake e até eu, à falta de melhor ou em desespero, mudo para a TSF. Mas se alguém tiver uma vara de condão, conhecer poções ou palavras mágicas, evita-se já o feitiço para o ano que vem.
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