Tempos de Verão
Escreve a Carla: há poucas coisas melhores do que bons dias de praia. Por vezes, até tenho saudades do baldezinho e da pá, da peneira e de uma espécie de moinho às cores. Lembro-me de umas formas para fazer estrelas ou bonequinhos de areia. As crianças entretêm-se muito na praia.
Também eu Carla, tenho saudades da enorme logística (palavra de adulta) que a praia movimentava. Na altura de a transportar era por vezes uma arrelia, mas os adultos tinham sempre argumentos irrefutáveis: cada um leva as suas coisas, apesar de nem sempre ser fácil conciliar tudo em dois braços pequeninos e distraídos.
Lembrando um passado muito passado, recordo com azedume que a modernidade me privou de uma possível vitória olímpica no jogo do prego. Desde cedo que se adivinhava uma vocação, ainda incipiente claro, para essa modalidade que rapidamente desapareceu das praias portuguesas, capaz de apaziguar crianças e adultos em ruidosos torneios de prego.
Os antigos praticantes devem recordar-se que aquilo exigia muita prática, coordenação de movimentos, estudo do meio, conhecimento dos ventos, concentração, agilidade e muito nivea nas costas. O verdadeiro atleta não prescindia do prego de aço. O prego coberto de plástico às cores era coisa para meninos e nao entrava nestes campeonatos. Depois, veio a modernidade e algum burocrata - talvez antigo jogador frustrado desta prática- acabou com isto. Desconfio que agora já nem se fabriquem, receando algum olho vazado ou alguma pequena cirúrgia na perna, apesar de não ter conhecimento de nenhuma mazela nos adeptos.
E foi assim que puseram fim à minha vocação olímpica nesta actividade amadora, aliás a única em que me viria a destacar, perdendo-se assim uma grande atleta do prego. Já adulta, ressaibiada, ainda tentei o lançamento de dardos num bar em Inglaterra, mas não tinha a mesma graça nem o mesmo jeito.
Foi numa descoberta arqueológica recente numa caixa em vias de extinção que o encontrei, encardido, ferrugento e abandonado, o prego que tantas alegrias que deu. É pois, com melancolia, que dedico este post a todas e todos os praticantes desta extinta modalidade, mesmo aqueles que não conseguiam fazer sequer um pequeno triplo mortal encarpado por cima da mão, com que se terminava a série.
Lembrando um passado muito passado, recordo com azedume que a modernidade me privou de uma possível vitória olímpica no jogo do prego. Desde cedo que se adivinhava uma vocação, ainda incipiente claro, para essa modalidade que rapidamente desapareceu das praias portuguesas, capaz de apaziguar crianças e adultos em ruidosos torneios de prego.
Os antigos praticantes devem recordar-se que aquilo exigia muita prática, coordenação de movimentos, estudo do meio, conhecimento dos ventos, concentração, agilidade e muito nivea nas costas. O verdadeiro atleta não prescindia do prego de aço. O prego coberto de plástico às cores era coisa para meninos e nao entrava nestes campeonatos. Depois, veio a modernidade e algum burocrata - talvez antigo jogador frustrado desta prática- acabou com isto. Desconfio que agora já nem se fabriquem, receando algum olho vazado ou alguma pequena cirúrgia na perna, apesar de não ter conhecimento de nenhuma mazela nos adeptos.
E foi assim que puseram fim à minha vocação olímpica nesta actividade amadora, aliás a única em que me viria a destacar, perdendo-se assim uma grande atleta do prego. Já adulta, ressaibiada, ainda tentei o lançamento de dardos num bar em Inglaterra, mas não tinha a mesma graça nem o mesmo jeito.
Foi numa descoberta arqueológica recente numa caixa em vias de extinção que o encontrei, encardido, ferrugento e abandonado, o prego que tantas alegrias que deu. É pois, com melancolia, que dedico este post a todas e todos os praticantes desta extinta modalidade, mesmo aqueles que não conseguiam fazer sequer um pequeno triplo mortal encarpado por cima da mão, com que se terminava a série.
*
4 Comments:
Sei do que fala...que saudades desses verões! S. Martinho???
Miss Pearls, agradeço-lhe a homenagem a um dos praticantes dessa extinta modalidade. Eu, um pai que não pratica os argumentos de que fala. Transporto o material e o dono do material, o mais novo que me pede para o levar às cavalitas sem que seja capaz de lhe dizer que não. :) :)
São Martinho, claro, com o casario junto ao cais escondido na foto, lá ao fundo antes da entrada para o túnel que dá acesso ao mar. :)
Belo post. Uma delícia.
Isabel, olha vá ao meu post do dia 25 de Maio (Nostalgia). ;)
Obrigada!
Eu também outrora jogadora do prego tenho saudades dessa nostalgia...era bastante miúda, realmente desapareceu completamente...que saudades da infância, das férias na Póvoa de Varzim...
:)
Enviar um comentário
<< Home