Prémio zapping
O prémio zapping deste fim de semana vai para a série documental "Louis Theroux's Weird Weekends", na televisão por cabo, claro está. A nacional não se consegue ver.
A primeira vez que vi um desses programas não sabia bem se seriam a sério ou a brincar. Aquilo era um mundo tão diferente, ou melhor, uma sub-cultura tão diferente, tudo tão longínquo daqui, que me custava a acreditar naquelas bizarrias.
O último episódio a que assisti tratava de comunidades tementes do fim do mundo e de membros da Igreja da Nação Ariana, no qual pôde ser visto a construir um abrigo feito de fardos de palha para despistar o inimigo, ou seja, o exército do pensamento único, como lhe chamou o proprietário deste bunker gélido, fazendo-me recordar a história dos três porquinhos.
Neste episódio, visita diversas comunidades de extrema direita que se preparam para uma catástrofe global, discutem teoria da conspiração enquanto praticam tiro ao alvo, residem isoladas, protegem-se do fim do mundo, recusam-se a pagar impostos, professam o culto da raça ariana, vivem debaixo da terra e armazenam mantimentos e armas, preparados para uma futura invasão. Termina com o proprietário de um armazém local a dissertar sobre a contabilidade dos mortos no Holocausto e a fazer patinagem ao som da canção "She's a Maniac".
Na lista de documentários que este jornalista já realizou nos EUA constam programas sobre os tele-evangelistas e cultos religiosos, sobre fanáticos de objectos voadores não identificados, a indústria pornográfica, vendas pela televisão, clubes de swing com simpáticas famílias da classe média, wrestling profissional, hipnotizadores que prometem vidas milionárias, separatistas brancos, separatistas negros, nazis, praticantes profissionais de body building, agências de casamentos com mulheres orientais e rappers.
Em todos estes documentários, vive um pouco da vida de todos os intervenientes, levanta questões sem hostilizar, colabora nas suas rotinas, chegando mesmo a servir de padrinho num casamento por agência, a dormir num bunker debaixo da terra ou a participar num programa de rádio para rappers com uma música da sua autoria.
Este jornalista britânico, caracterizado pelo seu ar meio cómico e nunca ofensivo, deixa-me de cara à banda com os seus documentários sobre vários mundos de que não fazia a menor ideia da sua existência do lado de lá do oceano. Deixá-los por lá.
1 Comments:
Eis um programa que vejo com regularidade.
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