terça-feira, agosto 14

O que os faz correr?

Afinal não sou só eu. Pelos vistos há também por aqui gente que se arrepia, que se encolhe, que apanha valentes sustos nas estradas portuguesas. Felizmente não passam de grandes sustos. Diria mesmo que são verdadeiras cenas obscenas.
No passado fim de semana, numa A8 transformada em cenário de Mad Max da vida real, com papéis em que os portugueses são exímios actores e inglórios figurantes, a avaliar pelas inúmeras sepulturas em cemitérios por esse país fora e pelo crescente número de utentes em centros de reabilitação, só me ocorria uma pergunta "O que faz correr esta gente?".
Este mês tem já uma contabilidade trágica: até ao dia de hoje já morreram 41 pessoas entre crianças e adultos. Basta andar nas estradas para perceber porquê. A pressão exercida por quem cumpre os limites de velocidade e circula pela direita é enorme: são os sinais de luzes, a colagem na traseira, as buzinas, os braços de fora e a restante sinalética que o português, sempre criativo, utiliza tão prodigamente quando se apercebe que há condutores que têm a ousadia de não conduzir ao ritmo que eles eficazmente pretendem impor. Deve ser para chegarem mais depressa, digo eu que não encontro outra explicação. Polícia nada, radares fixos nem vê-los, radares móveis, o que é isso. Entretanto, a gentalha lá vai na esgalha, convencida que domina as máquinas, o ambiente exterior, a própria etologia e até a metereologia. Eles e elas, todos artistas das pistas Mad Max portuguesas, o que os fará correr? Suponho que devo pertencer à classe dos bimbos, dos camelos, com a carta de condução saída numa rifa de feira, bem a jeito para levar com os máximos para aprenderes a conduzir, gaja de m?%&&.
Entretanto, um carro da Brigada de Trânsito ultrapassa-me alegremente e desaparece no horizonte. Vá lá. Ainda cheguei a temer que me mandasse parar por estar a exceder em 20 km/h o limite permitido. E que posso eu dizer? Feita parva a empatar o trânsito e a estragar a média?
Uma coisa é certa, até ao final do Verão a média há-de ser outra. Uma trágica média cujos números se traduzem em inúmeros nomes.
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