quinta-feira, julho 26

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Voltei hoje à Faculdade que frequentei em dois tempos diferentes, onde já não ia há um bom par de anos e da qual não guardo grandes recordações a não ser os amigos que mantenho até hoje. Do que vi, não gostei.
No alto da Alameda,encontra-se edificado o glorioso símbolo do urbanismo lisboeta, um dos mais importantes marcos do progresso da cidade, o parque de estacionamento, construído para ajeitar outro importante símbolo civilizacional e da modernidade, o automóvel. Porque para quem anda a pé e quanto a passeios laterais em ambos os sentidos, estamos conversados e o algodão não engana. O estacionamento ao longo das vias, o pó no Verão e a lama no Inverno são os ex-libris de uma zona de pedonal que compete em grande estilo com uma picada africana. E as associações de estudantes? E essa coisa da cidadania, a mobilidade, e tal? Pois é... Em bom rigor, é o panorama que se verifica nas áreas envolventes de várias faculdades em Lisboa, salvas in extremis pelo melhor amigo do peão, o pilarete. Não sei se as (raras) árvores serão poupadas. O estacionamento em altura pode ser sempre uma boa alternativa.
Lá está a paragem do velho 38, agora com outro número. Quem andou por lá em tempos em que não havia mordomias de carros nem o progresso do metropolitano, deve recordar-se da velocidade com que se descia a escadaria. Garanto que não era nada, mas mesmo nada agradável esperar ali por outro transporte, principalmente à noite. Os homens da gabardine não eram um mito, if you know what I mean.
Os selos fiscais agora chamam-se vinhetas, os curso são de 2º ciclo e até têm pontos acumuláveis (um dia destes chegam para uma almoçarada de borla no Mac Donalds) . Em compensação acabou-se o martírio da compra dos impressos, da papelada reconhecida, do selo branco e até eu mudei para um guichet mais restrito. Saí a correr, agora mais devagar, mas decididamente mais sabedora.

7 Comments:

Blogger -pirata-vermelho- said...

Que bela história...
e acha que ainda saiem de lá 'alunos' capazes de escrever assim?

1:31 da manhã  
Blogger M Isabel G said...

Caro Pirata,
È muito gentil, mas para escrever as coisas que eu escrevo não é preciso sequer ter frequentado a universidade :)

1:35 da manhã  
Blogger impensado said...

Que saudades do 38! Depois de me apear atravessava para o outro lado, que Letras era só para ir ao bar. No fim das aulas, eram as meninas de Letras que vinham apanhar o 38 ao «nosso» lado.
Que festival de nostalgia ao amanhecer...

5:51 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

(...) mas é necessário andar a pé.
Francamente, agora prefiro utilizar o metro até à "Cidade Universitária".
Quanto a estacionamentos, acho os subterrâneos menos inestéticos. No centro de Salamanca há um parque subterrâneo com preços especiais para estudantes. Confesso que me sabia bem deixar o carro à beira do "Departamiento de Inglés" depois de ter feito algumas centenas de kms para assistir a uma aula.
Bom bom seria que Lisboa dispusesse de uma rede de transportes públicos minimamente decente.
Pior do que Lisboa é Castelo Branco e outras cidades e vilas do interior nas quais os transportes públicos são praticamente inexistentes durante as férias dos estudantes (da escolaridade obrigatória). Um exemplo: é impossível ir de autocarro de Cebolais de Cima a Malpica do Tejo e voltar no mesmo dia. Não deixa de ser um percurso interessante para quem ainda tem boas pernas.De bicicleta faz-se tudo numa manhã, incluindo a emissão de uma declaração de mudança de residência e uma passagem pelo café para saber "as últimas".

11:15 da manhã  
Blogger Asdrúbal said...

mudam-se os tempos mudam-se as vontades. terminei recencemente a minha vida academica e quando me recordo de quando tudo começou penso que estou a viajar no passado numa galaxia longinqua.

9:51 da tarde  
Blogger mulher said...

Nem sabe o impensando como algumas raparigas abonimavam os rapazes que atravessavam para o outro lado...mas algumas também gostavam de atravessar para o outro lado...

10:56 da tarde  
Blogger joshua said...

Da minha primeira experiência da faculdade guardo a memória dos amigos e da paixão pelas Cadeiras e Mestres que tive e o prazer da licenciatura suada que obtive sem subterfúgios nem negociatas.

Da minha segunda experiência, dez anos depois, pós-graduativa, verifiquei uma certa estagnação humanística do corpo docente, uma confrangedora paralisia dos afectos em certos docentes muito donos de saberes mais ainda mais donos de uma pose que os possui totalmente a eles. Lamentei a ainda a assim bem-sucedida experiência.

Fiquei feliz pelo teu post e pelo modo como da tua experiência decorre, tal como similarmente comigo, uma certa frieza crítica ou talvez distanciamento emocional por 'aquilo-académico', tantas vezes espaço de sapientes crueldades.

Beijos

3:06 da manhã  

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