terça-feira, junho 19

Iogurtes, papas e pastéis de bacalhau



“Moramos aqui à beira e nunca cá tínhamos vindo. Temos muita que ver” exclamava a senhora reformada enquanto arrastava o marido para mais um canto do jardim. Voltei a encontrá-los de novo no final da tarde. Suponho que ela continuava a orientar a visita e a caixa de pastéis de bacalhau.
Atrás de mim, uma jovem recusava-se a ir ver as marionetas: “tenho medo de bonecos que falam”, enquanto duas crianças puxavam as mangas de um pai cansado e de uma mãe grávida de alguns meses. Dois jovens casais interromperam a discussão sobre a viagem a Orlando para se surpreenderem com a Casa de Serralves e com o parterre central. Estaria a Fundação também ali à beira deles?
Eram os públicos que variavam conforme a hora do dia e da noite e as pessoas que nunca paravam de chegar. Pela fresca vieram os mais novos nos seus carrinhos de bebé conduzidos por pais zelosos, mães encantadas, casais urbanos, interessados e de traje desprendido. Depois dos meninos regressaram a casa à hora da sesta, chegavam os jovens, os casais menos jovens, os “intelectuais” e os solitários. Não tenho a certeza de que estes se sintam ali menos sós. Ao final da tarde, mais à fresca, chegam mais jovens, mais casais, mais crianças, os tios, as tias e os avós e os grupos também. Não entendi o nome da freguesia a que pertencia a senhora que me ofereceu um bolinho, mas também fiquei sem perceber porque Vasco é sempre Vasco e vaquinhas são baquinhas.
(Sobre a Festa de Serralves, excerto do meu artigo na revista Única do jornal Expresso)

5 Comments:

Blogger CAP CRÉUS said...

Eu li e achei muito bem escrito. As fotos também estavam giras!

10:58 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Miss Pearls, e a casa de chá, em frente ao campo de ténis, ainda existe? Tirei lá metade do meu curso com mais dois ou três colegas e amigos. Tinha uma latada e ficava em frente ao campo de ténis, e também de todos os mistérios do mundo. Apareciam algumas pessoas bonitas e sós.
Fugíamos de Paranhos. Ninguém fica em Paranhos. No final dos exames, o senhor da casa de chá ofereceu-nos um copo de leite morno com chocolate e scones quentes com manteiga. Serralves estava deserta. Uma agonia.
Hoje, o ar do Funchal está húmido e parece que vamos ter céu coberto. As nuvens aqui são baixas e densas. Ainda existe a latada, Miss Perals?

12:49 da tarde  
Blogger JC said...

Olhe, Miss Pearls, e as "febras" escrevem-se "fêveras" (não tem importância porque pronunciam "fébras") e o cão é um "ábéc", que é "com" em francês...! Mas olhe,franqueza, franquezinha, espero nunca tenha tido um namorado do Porto que lhe sussurrasse ao ouvido: "binde aqui prá minha beira"!...

2:48 da tarde  
Blogger M Isabel G said...

CAro JC
O que já me ri :)

Rui O,
A latada não reparei mas posso perguntar ao Arquitecto Paisagista da Fundação, que conheço.

Quanto à casa de chá ao lado do ténis, ainda lá está sim. Por acaso tirei fotografias mas não as tenho comigo. Assim que as tiver coloco uma aqui.
Capacete por aí, Rui?:)

Obrigada Crap
Generosidade sua :)

5:36 da tarde  
Blogger cristina said...

Quanto à freguesia, eu boto em Nebogilde. Também tens a Bitória, mas Nebogilde é mais pertinho. E é claro que onde se lê "bê" é para se ler "bê"... Qual é a dúbida?... :)

9:01 da manhã  

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