Linhas corridas

O dia acordou sombrio, frio e chuvoso. Tempos praticamente inúteis para solários, auto-bronzeadores, roupa da nova estação e ombros ao léu. Em compensação, sempre são mais umas horas de ginásio e de dieta, o que é bom. Do trânsito é melhor nem falar: milhares de garagens devem ter aberto as portas e largado carros e mais carros que vão tomando conta desta cidade onde constantemente fervilham ideias e febres demolidoras. A propósito ou talvez não, o excelente artigo de Rui Ramos no último número da revista Atlântico (a que voltarei mais tarde), sobre as casas portuguesas e a doença que as assola, a doença das casinhas, apesar de não concordar totalmente com ele. Não tenho a mesma fé de que "as casas que agora me incomodam afundar-se-ão lentamente na terra, nos vales, nas encostas (...) ". Temo que o alumínio das marquises dure por muito tempo nas varandas das cidades e por essas aldeias fora. Entretanto leio que, do outro lado do mar salgado, um Português que mora em Washington, (e que leio por cá) administrador de um banco, vai de "scooter" para o trabalho. Frequenta o mesmo ginásio do Shaquille O' Neal e cruza-se no bar irlandês da esquina com o George Clooney. Diz que "é um dos exóticos pois, "numa civilização do automóvel e onde há pistas para bicicletas", anda de scooter. Se por lá é "exótico", imagine-se por cá....

O futebol também dá que falar. O José Mourinho está por todo o lado e os rapazes do Benfica devem andar coxos durante algum tempo. Tenho pena, claro, mas como dizia um amigo "já cheira a sandes e a minis lá por Alvalade".

Ouço uma criatura atrás de mim, no multibanco, fazer uns comentários muito desagradáveis sobre Sarkozy. Inexplicavelmente, senti uma inusitada vontade de, para além de levantar dinheiro, sem pressas pagar a água, pedir um extracto e consultar o NIB(?). O cavalheiro nunca saberá porque esteve ali uns bons minutos à chuva. Três Pais Nossos e duas Avé-Marias.