segunda-feira, abril 30

Fora de casa

Tenho para mim que não há outro sítio no mundo onde se ofereça tanto folheto publicitário como em Lisboa, mais precisamente na Baixa. Este Sábado, ainda não ia a meio da Rua das Portas de Santo Antão e já tinha um folheto de um restaurante indiano e de outra gastronomia. Por educação, aceito sempre. Deve ser por isso que por vezes tenho o carro cheio de panfletos coloridos de promotores imobiliários, lojas de móveis e ginásios. Como se não bastasse os que nos vão colocando no pára-brisas e na caixa de correio, mesmo com o autocolante "Não, obrigada". Mas voltando à Baixa, eles lá estão à saída do Metro oferecendo cursos, espectáculos, sessões variadas, restaurantes e tudo o mais. Raramente leio mais que uma linha (quando leio), mas evito deitar fora o folheto assim que o recebo. Não sei bem porquê. Acho que aquilo de ter montanhas de papel para oferecer deve ser muito, muito chato e a bem dizer só aceita quem quer, que ninguém nos aborrece. Curiosamente, por vezes encontro uns "distribuidores" em grupo, mais profissionais e de carrinhos de mão. Suponho que sejam os dos supermercados com as ofertas de ocasião.
Mas na Baixa andam sempre a oferecer coisas mesmo sem campanha eleitoral. Da última vez que passei por lá até tive direito a uma flor sem conhecer o motivo, mas o mais comum é o folheto azul, rosa ou branco. Reconheço que seja barata, mas pergunto-me que resultados obtêm com aquela publicidade principalmente com os indígenas.
Já no regresso, um jovem ofereceu-me um folheto em se podia ver uma linda dentadura reluzente. Como já tinha recebido um igual, ia declinar educadamente quando o rapaz me diz que "é para acabar". Bastava olhar para o saco para nos apercebermos de que não era bem assim, mas aquele argumento pareceu-me inteligente. Olhei para o rapaz e lembrei-me das "novas oportunidades". Não seria por mim que o jovem não se faria doutor.

2 Comments:

Blogger Maria de Fátima Filipe said...

"Não seria por mim que o jovem não se faria doutor."

A ironia é a nossa melhor arma. Na mouche Miss Pearls.

:)

10:24 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Por uma questão de educação, pode-se dizer “não, obrigada” e sorrir, que é o que eu faço. Essa história de que os miúdos ganham conforme a quantidade de folhetos que distribuem – coitados - é uma falsa questão. Se as pessoas que não se interessam não aceitassem (alguém se interessa verdadeiramente pela maior parte do que se distribui?), não se produziriam tantos, e assim não se abateriam tantas árvores, tão inutilmente (e não se chatearia tanto as pessoas). Os folhetos acabam invariavelmente pelo chão, que a maior parte das pessoas que os recebe nem se dá ao trabalho de os deixar no caixote do lixo mais próximo. A eficácia do método parece-me nula, mas quem sou eu. Apenas me incomoda, e muito, o óbvio desperdício de papel. (E a sujidade das ruas).
Porque não acreditar que, com uma recusa educada mas sistemática, poderemos levar os publicitários a usar os seus neurónios para inventar outros métodos, mais criativos, mais ecológicos, menos agressivos, onde poderiam igualmente empregar os futuros doutores, sem desperdiçar papel.
Filipa

11:32 da manhã  

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