Nova estação: parte dois

O Verão está já por todo o lado. Abre-se a net e só vemos "emagreça dormindo", "10 minutos de vibração ao dia para o abdomén perfeito", farmácias vendem comprimidos, patches, pomadas, chás, as montras estão feitas para corpinhos sem mácula, as ementas nos restaurantes são à base de saladas variadas e grelhados, nos ginásios aumentam as filas de carros, o combate à celulite torna-se um desígnio pessoal, a rádio anuncia planos de emagrecimento, agências de viagens prometem-nos o paraíso para bikinis brasileiros, revistas tornam-nos cúmplices de uma sociedade sem barrigas a bem da felicidade conjugal, clínicas de estética oferecem pernas à la carte sem dor e a prestações, consultas para nutricionistas só para Dezembro e isto sem falar no assalto aos produtos naturais que não fazem mal (nem bem) e tiram a fome. Enquanto isso, o business do emagrecimento encontra-se também nos supermercados, com os últimos triunfos da dietética e diversos artigos em versão light e 0% de calorias, sem esquecer os planos "mexa-se mais" em vídeo e livro.

O Estado, ralado com a saúde pública, divulga programas contra a obesidade com míngua de médicos e fartas listas de espera, brigadas higienistas defendem-nos do colesterol enlatado, de óleos insalubres, vigiam os nossos pratos e zelam pela nossa saúde. Desde que haja facturas, caixotes do lixo com pedal e impostos em dia, claro está.

E depois disto tudo, acabo de ler que cada vez há mais pessoas gordas e maior consumo de anti-depressivos. Vá lá a gente entender estas coisas. Por mim, vou ali beber um copo de água. Não me faz mais feliz mas sempre é barato e faz bem a tudo.

(Texto editado, com alterações)