domingo, fevereiro 4

O estranho mundo das revistas do corpo, fitness, abdominais e outras coisas mais


Eu não devia escrever sobre o que não sei, nem sequer me devia meter nisto, mas há algures, em ginásios, revistas, equipamentos, um admirável mundo novo que eu desconhecia totalmente.
Não há frequentador de supermercado que não tenha reparado nas prateleiras que existem junto às caixas de pagamento. Acabamos inevitavelmente por olhar enquanto esperamos a nossa vez, de um modo geral para nos desviar a atenção do carrinho sem fundo do cliente à nossa frente, da freguesa incompetente que não pesou a fruta ou do código de barras ilegível do preço das calças. Para além das pastilhas elásticas, sugus, preservativos e pilhas, estão algumas revistas de coscuvelhice, decoração, culinária, de boa forma, saúde, corpo, fitness, etc., um kit completo para "estarmos bem com o nosso corpo", citando o depoimento de uma praticante de qualquer coisa body.
Curiosamente, o nome de quase todas estas actividades aquáticas, a pedais, a remo, com bolas, pesos e máquinas de tortura variadas, é inglês, o que dificulta a compreensão das característica e resultados (notáveis a avaliar pelas fotografias) dos exercícios dos esforçados desportistas.
Além de uma aparatosa logística, há uma enorme variedade de equipamentos, aparelhos para os batimentos, cronómetros, relógios (?), acessórios, calçado, fatos, vitaminas e minerais para ter uns bons abdominais.
Apesar de nas fotografias (lindas) ninguém parecer transpirar, bem os vejo lá, a eles, a elas, a mim, a lutar contra as barrigas, a preguiça, o sedentarismo, a combater calorias, músculos presos, cadeiras do escritório, a genética, tudo para "estarmos bem com o nosso corpo" (adoro esta frase). Para esta comunidade de corpo são e alongado à la carte, fazem-se convenções, competições, jantares, cruzeiros e certamente amigos. Todo um mundo novo que não conhecia. Vou passando as páginas de mulheres ginasticadas e equipadas a preceito, atletas famosas, menus, os alimentos, as bebidas, as doenças da alimentação, exercícios de bicicleta parada, dentro e fora de água, (isto parece-me bem), mais umas corridas dentro e fora do ginásio, remo a seco e molhado, pesos, o campeão do body building, a actriz de músculos tonificados, step, mais uma corrida, nova viagem.
Finalmente chega a minha vez de pagar. A enormidade de calorias acumuladas no carrinho é catastrófica. Aquela pasta de salmão, o vinho e os queijos, tudo na lista negra destas revistas, destroem todas as boas práticas e as melhores intenções. Ah! Aqui está a manteiga ligeira, o leite magro, as natas sem gordura, a maionese light, o doce O% calorias e os iogurtes sem açucar. Nem tudo está perdido.

3 Comments:

Blogger definitivo said...

Miss Pearls, para além de uma escrita maravilhosa - tão honesta, tão verdadeira, tão real! -, o seu sentido de humor é fantástico!
Então o seu último parágrafo...!
Dê-me a permissão de o transcrever:

"Finalmente chega a minha vez de pagar. A enormidade de calorias acumuladas no carrinho é catastrófica. Aquela pasta de salmão, o vinho e os queijos, tudo na lista negra destas revistas, destroem todas as boas práticas e as melhores intenções. Ah! Aqui está a manteiga ligeira, o leite magro, as natas sem gordura, a maionese light, o doce O% calorias e os iogurtes sem açucar. Nem tudo está perdido."

Delicioso, Miss Pearls. Depois de ler um parágrafo destes, a gente até parece que emagrece 5 Kg!...

8:07 da manhã  
Blogger Jansenista said...

Ó Diabo, e logo hoje que eu e Mr. Hyde nos lembrámos de recomendar o imbatível Lourenço Viegas! Transmissão de pensamentos?
O seu
Dr. Jekyll

3:27 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

amelia deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O estranho mundo das revistas do corpo, fitness, a...":

Um belo corpo só se consegue a muito custo, dietas (muita fome), tratamentos de beleza (crédito até 5 anos), muita ginástica ( um personal trainer jeitoso) e pronto!... Mas porque é que eu não sou assim? Só consigo manter a minha linha curva, muito curva. A minha balança, coitadita, sofre horrores. No dia do peso semanal, quando me vê nua, diz: "Outra vez, não. Antes a morte! Antes a morte!." E voilá! Eu subo para ela e a pobre sufoca. Ouço os seus pequenos intestinos sibilarem, sofrerem. Nada posso fazer. O chá não resulta, os produtos dietéticos são demasiado insípidos, e a vida de uma bola de berlim é demasiado valiosa para não desejar comê-la.
http://www.blogger.com/profile/10606695

9:51 da tarde  

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