Ontem no Chiado, ao fim da tarde, numa imitação do que costumavam fazer os escritores na minha juventude, passei um bocado de tempo encostado à ombreira da Livraria Bertrand. A ver passar mundo e mal ouvindo o que me dizia a companhia, fazendo involuntariamente comparações entre a mocidade alegre de agora e a rapaziada bisonha do meu tempo.
Há mais beleza na rua, passam mulheres e raparigas encantadoras, corpos bonitos, pernas longas, passadas elásticas, sorrisos daqueles que iluminam as faces. Mal se atenta numa ou outra que destoa ou Nosso Senhor desfavoreceu e, no meio da beleza alheia, carrega o fardo da falta de graça e do corpo tosco.
Atenta-se, sim, no manifesto contraste entre a energia feminina e a moleza daqueles rapazes de cuecas, exibindo as peludas barrigas das pernas com o ar das carrejonas de outrora, o bocadito de barba de três dias a contradizer a mariquice do rabo de cavalo com fitinha, os pés 44 metidos em sapatilhas de velhota.
Lá passam uns quantos, poucos, que salvam a honra do convento, mas Deus nos ajude antes que tipos desses encontrem forças para copular e presenteiem a nação com rebentos assim tadinhos.
No blog Tempo contado de J. Rentes de Carvalho, um autor que só agora estou a descobrir, maravilhada. Antes tarde que nunca.
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