terça-feira, setembro 28

Dancing On The Ceiling

Nada temeis, mulheres da minha geração, animadas,enxutas, com uma leveza que só a idade consegue. É verdade que estamos todas loiras, mas daí não vem mal ao mundo. Quanto aos vossos companheiros, não tenho a ousadia de dizer coisas assim, como direi, tão gentis (e verdadeiras), se bem que a maioria esteja benzinho. Mas todos divertidos, muitos anos depois, a reviver os bons anos oitenta na discoteca Bananas. O day after não foi meigo para muitos, a acusar alguma falta de exercício em pista coberta com luzes às voltas e fartura de espelhos, mas jamais a penalizar a idade. Houve dança all night long, bebeu-se o que o fígado permitia e a consciência aconselhava. Stayin' alive, e está tudo dito.
Num passado distante, o Bananas foi, para muitos, o fim de um ciclo que terminava nas Faculdades e o início da vida a sério, com fato, gravata, saia e casaco (usaram-se sim), cabelos aos caracóis, franjas felpudas sobre os olhos, dourados, um emprego e porventura um casamento feito nos salas de aula. Entretanto, aproveitam-se esses tempos de liberdade sem saídas da cidade (o autocarro e o taxi serviam muito bem) e shake shake shake shake your booty na pista de dança mais selectiva do pedaço.
Curiosamente, reencontrei na festa algum jet set da época, tribos fechadas que ignoravam miúdas modestas, gente abastada, alguma aristocracia, dinheiro velho, creio eu. Mas os tempos mudaram com a democracia que, para além dos low cost, viu nascer novas classes ou, melhor dizendo, pouca classe, mas isso é outro assunto e ainda não inventaram outro sistema melhor.
Pois lembro-me, como se fosse hoje, de uma noite especial para celebrar um dia especial. Recordo-me de um macacão vermelho comprado numa loja ao cimo da Rua Ivens, umas sandálias francesas de uma sapataria da Rua do Carmo, cabelo comprido "virado para fora", e o namorado da altura catita de pullover, dancing on the ceiling noite dentro.
Cantava-se inocentemente "Bad Case Of Loving You", dançava-se tudo a que se tinha direito, desde slows compungidos (If you leave me now) até às mais inomináveis pimpineiras, mas what a feeling, valha-me Deus!
Foi bonita a festa, pá. Foi engraçado reviver os tempos dourados de uma pista de dança onde nos divertimos, agora com menos leveza, (algumas) rugas e cabelos brancos. É bonito estarmos vivos, pá.

Pointer Sisters - Automatic Easy like Sunday Morning by: Lionel Richie Dancing On The Ceiling
Fotografia: BANANA POWER MUSIC & FOTOS 80`S no FaceBook

2 Comments:

Blogger Unknown said...

Belo post, a resgatar memórias do baú colectivo da geração dos 80's.
O Bananas era uma instituição num tempo em que a "movida" ainda não existia a não ser em alguns ambientes de basfond travestida de "má vida". :-)
O post tem um "je ne sais quoi" de cénico e causou-me uma autêntico inflow the agradáveis imagens em flash back.

11:28 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Agora revivi o beto que era. Jantávamos no restaurante do Banana's, exibiamos o cartão dourado e entrávamos pela porta de acesso vip na discoteca. E, como catalogava MEC, ainda sou um quarentinha...

8:23 da tarde  

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