Old habits die hard
O homem é ele e os seus hábitos cheios de lugares, aromas, comportamentos, trajectos, o lado para adormecer, modos de dormir, de sorrir, de falar, cruzar as pernas, roer as unhas, gestos de carinho, formas de amar, de ignorar, concordar, praguejar, calar, agradecer, olhar as mãos, fugir do olhar, mexer no cabelo, correr o fecho, tirar os brincos, o anel, o shampoo, o amaciador, o almoço dos miúdos, o casaco na cadeira, as chaves no móvel, a maçã, o café, o cigarro, a nódoa na gravata, os cereais, a luz de presença acesa, os passos no corredor, a porta do elevador, o fio dental, o creme de dia, pôr a mesa, gestos de gente diferente de hábitos iguais.
Bons hábitos, outros maus, uns saudáveis outros nem por isso, gestos repetidos, alguns irreflectidos, maquinais, trajectos que fazem a nossa vida, que nos ocupam o dia, os sons de respirar que ouvimos à noite, os costumes que cultivamos e os vícios que não deixamos numa check list que nem reparamos.
São os hábitos, rotinas do nosso contentamento e por vezes o automatismo do desencanto. Pergunto-me de que serão feitos os teus gestos, que gosto terá o teu encanto ou que formas tomam os teus desagrados. Interrogo-me se vigias o meu sono, se sentes o meu cheiro ou se ris do que me faz rir, rotinas boas como um vício que se quer guardar. Bem sei. É o hábito de escrever ficção.
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