quarta-feira, agosto 5

País abarracado

Percorrer as estradas nacionais é conhecer o país um pouco melhor. A paisagem deprimente que ladeia o nosso percurso, afastada de vias rápidas, tão rápidas que nem a vemos, põe a descoberto as povoações abarracadas que foram descaracterizando um pequeno país.
Dá a idéia de que habitações, lojas, instalações industriais, stands, restaurantes, parecem imagens saídas de um catálogo de mau gosto, desleixo, falta de brio, ao Deus-dará, aqui uma janela, ali um cartaz, um portão acolá, outro desvio sem visibilidade, casernas com varandins, barracos apalaçados, um horror de falta de ordenamento e de cabeça.
Voltando à Fundação de Aljubarrota, depois da descompressão da horrível envolvente (os néons, os cafés, as habitações paredes meias com o campo de batalha), tentei vislumbrar as características morfológicas do local referidas nas crónicas. Era bom, era, mas por cá a malta gosta é de terreno para construção: nos anos cinquenta o terreno foi aplanado e as suas características originais substancialmente alteradas. De nada valeu S. Jorge, cuja intercessão foi fundamental para vitória dos portugueses, mas manifestamente insuficiente para evitar a cupidez do povo vencedor e a falta de juízo no ordenamento do território por parte dos seus descendentes.
Não me me admiro de ver tanta gente a correr para a auto-estrada. Literalmente.

1 Comments:

Anonymous http://patrimonius.blogs.sapo.pt/ said...

Recentemente percorri parte do litoral da região Centro do país. Ainda começei a contar os mamarrachos, e os atentados à arquitectura e à paisagem, mas depois desisti. Em edifícios, dos últimos 30/40 anos, o Estado ou a Igreja, por ex., não deram o exemplo.
No Neolítico deveríamos ter melhor e mais cuidada contrução...
Temos muitas leis, PDMs e afins mas depois só se faz porcaria.

12:45 da tarde  

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