quarta-feira, maio 13

Um post também a cores

Nunca fui ao Brasil. Não sei explicar muito bem, mas irritava-me a conversa dos sucos na praia, das massagens, das aventuras em águas azuis, das T shirts que referiam quase sempre os mesmos locais e da publicidade que anunciava o paraíso a preços módicos. Quanto mais me falavam dos areais a perder de vista, dos bikinis baratos e dos fantásticos resorts junto ao mar, mais eu fugia para o interior da Europa onde existiam palácios papais, cemitérios celtas ou locais de revoluções. Pouco me falavam das cidades onde os charters não chegavam. Os resorts eram o ínicio e final de uma semana de corpos quentes, corridas de buggies e postais ilustrados.
Confesso que agora me arrependo. Devia ter ido em tempos de fartura. Possivelmente estaria agora aqui a escrever sobre as saudades daquelas praias maravilhosas, dos sumos, das massagens, das bebidas junto à piscina e dos souvenirs que enfeitam a secretária.
Há uns dias vi na televisão uma reportagem sobre a Madeira e Porto Santo, locais onde estive há muitos anos, agora praticamente irreconhecíveis. Fico espantada por me recordar de pormenores dessa viagem, dos locais por onde andei, do que comi e até do que bebi (muito). Lembro-me bem da simplicidade desses tempos sem as pressões do futuro, mas não me recordo daquele mar, ou melhor, da sensação naquela praia imensa. Custa-me não o ter guardado como quem guarda uma paisagem ou um especial momento de intimidade. A felicidade devia fazer dessas partidas.
A memória pode ser lixada, mas quando essas imagens a sépia são bem tratadas, guardadas em locais apropriados, sem visões fantasiosas nem cores retocadas, até dá para escrever um post. Por acaso, este é sobre o amor, se bem que não pareça.

6 Comments:

Anonymous rui ornelas said...

Em busca do tempo perdido, Miss Pearls?

12:57 da manhã  
Blogger M Isabel G said...

Credo, não ! :)
ISto não é a minha vida. É só um post.

10:34 da manhã  
Anonymous rui ornelas said...

Uff, ainda bem. É que, isto por cá, está mesmo irreconhecível, como escreveu; e não seria nada indicado para o " A la recherche…”. Imagine que até na baía do Caniçal, na zona mais arenosa da Madeira e de paisagem desértica muito singular, estão a construir um amontoado de casebres horrorosos (que dizem ser de luxo), mesmo à beira mar. E o vale da Ribeira Brava, que vai dar à Encomeada, foi completamente destruído – estacionamentos, campo de futebol, grande hipermercado e mais não sei quantos equipamentos.

4:51 da tarde  
Blogger Lina Arroja (GJ) said...

Isabel, ontem vendo uma reportagem na tv perguntei-me que pormenores guardamos das viagens para podermos ser assim rigorosos passado um tempo. O que é que guardamos na nossa memória?

7:59 da tarde  
Blogger M Isabel G said...

Rui Ornelas.
A reportagem foi com o Vicente Jorge Silva em ambas as ilhas.
Não conhecia muitos daqueles túneis na MAdeira e a pressão urbanística no Porto ... tenho pena


Grande Joia
Pois não sei bem. Eu tenho uma memória de elefante, para o bem e para o mal.

8:10 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Percebo perfeitamente o que quer dizer, eu própria nunca achei que o Brasil fosse sitio a visitar, sempre achei que, se a praia é o melhor que tem, conheço sitios melhores ou no minimo iguais (e sem o hábito hospitaleiro mas irritante dos brasileiros de estarem sempre bem dispostos e quererem que todos à sua volta estejam também). Até que fui lá "arrastada" pela viagem de finalistas da faculdade há uns anos e devo dizer que não é nada assim tão mau como pensava e neste momento não me importava de lá voltar.

Alexandra

2:04 da tarde  

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