sexta-feira, outubro 31

Caveiras, abóboras e esqueletos nas ruas de Lisboa

Nunca me disfarcei de bruxa nos Carnavais da minha infância, não tenho medo dos mortos mas dos vivos, e vejo filmes do Wes Craven ou do Carpenter como quem vê "E tudo o vento levou". Ou melhor, fico sempre entupida com a cena final da Scarlett O'Hara e tanto se me dá como se me deu que os personagens se deitem inteiros e acordem cheios de navalhadas ou que uma criatura do Além faça sumir uma excursão inteira de adolescentes. Aliás, quem diz uma excursão, diz uma festa ou uma sala de cinema desde que o écran esteja cheio de teenagers danadas para a brincadeira.
Posto isto, pouco ou nada tenho a dizer sobre o Halloween na forma como actualmente se festeja e que, à semelhança de tantas outras importações, tem vindo a ganhar terreno no mercado português. Nada me move contra festas cheias de mascarados, caveiras, abóboras e esqueletos. O que lamento é se estejam a esquecer e a abandonar tradições profundamente enraízadas nos nossos meios rurais e que as novas gerações, muitas vezes afastadas das suas origens, já não as conheçam nem as pratiquem.
Falo do Dia de Todos os Santos, celebração que remonta ao paganismo dos celtas, no qual o 1º de Novembro correspondia ao primeiro dia do ano, ocasião em que se celebravam os mortos, a última colheita e o armazenamento das provisões.
O halloween terá sido absorvido pela Igreja Católica e no século IX foi fixado o dia 1 de Novembro como "Dia de Todos os Santos", sendo antecedido pelo "Dia dos Fiéis Defuntos", data que viria ser fixada um século depois.
O Padre António Vieira explica que "é a festa mais universal e a festa mais particular, a festa mais de todos e a festa mais de cada um", no "Sermão de Todos os Santos". Nunca é tarde para aprender.
Eu guardo na memória as recordações dos tempos da minha infância, quando a minha madrinha me dava um "santoro" e pedia o "Pão por Deus" à família ou à vizinhança. Recordo as romagens ao cemitério, num tempo em que pensava que os meus nunca haveriam de morrer, do cheiro a flores, do brio nas campas, da ideia longínqua da morte e de ver oferecer a mesa a quem pouco tinha.
Falaremos sobre isto.
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A propósito, arranja-se por aí uma bruxa, um feitiço ou pós de prilimpimpi que me limpem a casa? Não, pois não?
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Sobre costumes e tradições portuguesas (organizadas por meses do ano):

1 Comments:

Blogger rititi said...

Ena!!! Séculos que não me lembrava das histórias da Maga!!
Beijos gelados

10:05 da tarde  

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