S. João à minha porta
Dos santos populares, o São João, criatura bondosa com o cordeiro aos ombros, é o único da minha devoação. A Santo António, casamenteiro, nem sempre as promessas lhe correm bem, e sobre as chaves do São Pedro, que lhes faça bom uso quando chegar a minha vez.
Dos festejos do São João na minha aldeia, tenho as melhores memórias. As festas ainda eram feitas por quem lá vivia e nesses dias chegavam forasteiros de muitos lados para assistirem e participarem nas tradições locais, praticamente únicas no país. Depois, a tristeza e a saudade tomou conta das nossas casas e nunca mais voltámos à alegria desses dias; as festas também só fazem sentido com os nossos ao nosso lado. Mas recordo-me bem dos momentos das fotografias sem arte e sem cor, dos amigos que se juntavam, das grandes mesas onde todos tinham poiso, dos bailaricos com gente que nunca tinhamos visto, dos arraiais na calçada e no pó da praça, gente nova com rédea solta para andar na rua noite dentro sem luz eléctrica e em que o profano e o religioso se confundiam numa ingénua familiaridade.
Montado a cavalo, ao som dos sinos e tambores, a bandeira do S. João parava junto às janelas e às varandas, e era ele a quem recorríamos com promessas em fitas de seda de diversas cores que pregávamos lá do alto, dando vivas aos alferes e a todos quantos os acompanhávam. Atrás da bandeira, um cortejo de centenas de pessoas montadas em cavalos e burros iam percorrendo as ruas empedradas da aldeia. Uma alegria. À noite saltavam-se as fogueiras, mas era técnica para os mais corajosos e os mais velhos. A nós, restava-nos encontrar uma janela com vistas como a da casa dos meus amigos onde havia a sempre uma fogueira que amedrontava os bichos e os festeiros menos habituados a estas andanças nocturnas.
Dos festejos do São João na minha aldeia, tenho as melhores memórias. As festas ainda eram feitas por quem lá vivia e nesses dias chegavam forasteiros de muitos lados para assistirem e participarem nas tradições locais, praticamente únicas no país. Depois, a tristeza e a saudade tomou conta das nossas casas e nunca mais voltámos à alegria desses dias; as festas também só fazem sentido com os nossos ao nosso lado. Mas recordo-me bem dos momentos das fotografias sem arte e sem cor, dos amigos que se juntavam, das grandes mesas onde todos tinham poiso, dos bailaricos com gente que nunca tinhamos visto, dos arraiais na calçada e no pó da praça, gente nova com rédea solta para andar na rua noite dentro sem luz eléctrica e em que o profano e o religioso se confundiam numa ingénua familiaridade.
Montado a cavalo, ao som dos sinos e tambores, a bandeira do S. João parava junto às janelas e às varandas, e era ele a quem recorríamos com promessas em fitas de seda de diversas cores que pregávamos lá do alto, dando vivas aos alferes e a todos quantos os acompanhávam. Atrás da bandeira, um cortejo de centenas de pessoas montadas em cavalos e burros iam percorrendo as ruas empedradas da aldeia. Uma alegria. À noite saltavam-se as fogueiras, mas era técnica para os mais corajosos e os mais velhos. A nós, restava-nos encontrar uma janela com vistas como a da casa dos meus amigos onde havia a sempre uma fogueira que amedrontava os bichos e os festeiros menos habituados a estas andanças nocturnas.
Curiosamente, estas festas estão ainda na memória de todos nós que vivemos esses dias com intensidade e recordamo-los sempre com alegria, lembrando os amigos que desapareceram algum tempo depois desses anos felizes. Viva a nossa juventude, gritavam os adultos das janelas.
É sempre nesses dias que penso quando vejo imagens de outras festas que nada têm a ver comigo. Lá na minha aldeia, ainda lá estão as janelas das casas amigas, mas provavelmente sem gente dentro.
S. João à minha porta
Não tenho nada para le dar
Darei-lhe uma cadeirinha
para nela se sentar.
Viva o S. João Baptista!
Viva o alferes!
Vivam os padrinhos.
Não tenho nada para le dar
Darei-lhe uma cadeirinha
para nela se sentar.
Viva o S. João Baptista!
Viva o alferes!
Vivam os padrinhos.
5 Comments:
É um gosto vir aqui ler o seu blog. Não conhecia nada do que relata. Que pena que tudo esteja a mudar tão tristemente.
Engraçado como nunca deixamos a infância e a adolescência partir. Bem lá no fundo essas são as nossas melhores recordações. E eu que não consigo largar o Sto António por razões quase iguais às suas.
Fico feliz por sermos assim.
è isso Grande Joia. Não sei se serão as nossas melhores recordações ou as mais felizes, mas são memórias que nos acompanham há muitos anos .
Car@ anónimo
Acredito que o S. João na minha aldeia ainda seja muito divertido, aliás, só pode ser divertido, mas eu é que já nãolhe acho graça. Só isso.
Mas viva o S João Baptista!
Este ano vi quase cinco horas de Marchas Populares na Avenida, grande joia :):)
Bem instalada e com gente bem simpática e bem disposta .
O Adro da Igreja.
A Rua por onde chegava a casa da Avó Brites.
As festas.
As memórias.
Que saudade!
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