Tiras doces
Há uns dias, na Baixa, fui abordada por uma jovem que procurava alfarrabistas. Depois de lhe ter indicado dois ou três, tentei saber o que pretendia, pois receava que poderiam não ser os locais mais indicados. Respondeu-me que procurava banda desenhada "antiga", que a actual tinha muita violência e, sem mais, lá subiu a Rua Nova do Almada. Desconfio que não se safou com as indicações que lhe dei: isso de ser "antiga", tem que se lhe diga.
Entretanto, mão amiga fez-me chegar estas relíquias que as crianças liam há alguns séculos atrás. Era chamada a leitura de praia, a qual haveria de ser trocada, anos mais tarde, pela colecção Vampiro, comprada com o dinheiro das férias que era costume a família oferecer. Eram outros tempos, em que as famílias se mudavam de malas e bagagens para junto do mar. Tempos em que duzentos quilómetros eram quase o fim do mundo.
Já aqui falei do Riquinho, o pobre menino rico. A Brotoeja era uma personagem absolutamente fanática por bolinhas, o que hoje em dia seria alvo de artigos, livros, entrevistas com especialistas e longas sessões de pedopsiquiatria. Por outro lado, livros com personagens como a Bolota e o Bolinha, seriam agora totalmente impensáveis, banidos, proibidos, repudiados e acusados de fomentar a obesidade, hábitos alimentares perigosos e de não promoverem estilos de vida saudáveis.
À semelhança dos cigarros de chocolate, nunca vi nenhuma criança obesa por se ter rido com os disparates hiper-calóricos do Bolinha e com as doces aventuras gastronómicas da Bolota. É possível que criem alguma influência sobre as crianças, não sei. Recordo vagamente que essas histórias tinham algum sentido moralizante, por assim dizer, com os personagens enfastiados de tantos doces. Hoje em dia, em vez da banda desenhada seriam candidatos à banda gástrica.
Dizem-me que estes livros de banda desenhada também (já) são livros antigos. Mentira! O "Recruta Zero", esse sim, há anos que está reformado!
3 Comments:
.. Que memória boa despertou agora por aqui Miss Pearls .. obrigada :)
Realmente, adorei me lembrar do Riquinho, da Turma do Bolinha ("menina não entra"), do Recruta Zero...
Carla Cristina
Miss
O seu post está máximo.
Ainda falta os livros BD da colecção "super pop". Também era leitura de férias.
mt
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