terça-feira, fevereiro 5

Uma trincadela de SG Ventil?

A fotografia aí do lado é um fantástico bolo decorado como um maço de Marlboro. Não tem graça nenhuma, mas há gostos para tudo: bandeiras do Sporting, do benfica, o Shrek, a Barbie, entre outros motivos decorativos de grande procura. O meu género é mais o bolo folhado com muito recheio à base de amêndoa com flores cor-de-rosa em açucar e velas com números microscópicos, mas não é isso que interessa.
Na sua última crónica, o Eurico de Barros escreveu sobre cigarros de chocolate, aqueles que imitavam cigarros de verdade e que "os miúdos, antes de os trincarem, fingiam que fumavam, para imitar os mais velhos." Parece que no recreio dos meninos havia um autêntico mercado de trocas: cigarros de chocolate por cromos, figurinhas, berlindes, revistas aos quadradinhos, até mesmo por carrinhos. Seis cigarrinhos castanhos e doces valiam um cromo "difícil", os já trincados não contavam."
Falo no recreio dos meninos, porque do nosso lado não havia esta prática funesta, capaz de criar gerações de terríveis e abomináveis fumadores. Ao contrário do Eurico, devo ter provado um ou dois desses cigarros aos quais nunca achei nem graça nem sabor. Aliás, aquilo parecia-me um chocolate de fraca qualidade. Pelo menos o SG Ventil, que era o que o meu pai fumava. Tenho mesmo que confessar que ainda hoje não sei se os meninos tiravam primeiro o papel ou se iam mordiscando o chocolate mantendo o invólucro, dúvida essa que devia ter esclarecido em tempo, pois a nova lei do tabaco pôs fim a esses maus vícios adquiridos em infâncias sem regulamentação alimentar e propensa a estilos de vida pouco saudáveis, como agora se diz.
Pelos vistos, essa rebaldaria legislativa não teve qualquer efeito sobre o Eurico, pois o cigarrito de chocolate não fez dele um fumador. Em contrapartida, eu não precisei de cigarros de chocolate para me tornar uma consumidora de Marlboros.
Já quanto ao álcool vendido a menores, refrigerantes em garrafas a imitar "champanhe", isso não deve ter importância nenhuma. Sem falar na publicidade em televisão e em eventos desportivos e culturais patrocinados por bebidas alcoólicas, isso as crianças já não veêm. Devem estar todas na rua a andar de bicicleta, a saltar à corda ou no recreio a jogar futebol e a brincar ao peão.

1 Comments:

Blogger Grilinha said...

Que boa recordação me trouxe o teu texto.
Tantos cigarrinhos de chocolate que eu fingi fumar ás escondidas dos adultos.
E quando a prata teimava em ficar agarrada ao chocolate amolecido por andar na algibeira da bata?(sim eu usava bata na escola secundária).
Quando da minha janela vejo no pátio da escola os meninos e meninas á bulha ou a trocar insultos de fazer corar tudo e todos e a fumarem junto ao gradeamento sem que ninguém os chame á atenção, sinto pena deles e interrogo-me sobre que tipo de Homens e Mulheres serão no futuro.
Sinto saudades de ver as crianças no meu pátio a andar de bicileta, jogar ao berlinde e até ao pião como tu dizes.
Sei que os tempo são outros e os interesses mudam com o evoluir das sociedades e das técnicas mas a educação terá que ser preservada e cultivada pelos pais.
Já me estendi no comentário e queria dizer muito mais. Fico por aqui pois vou ler mais do teu blog e adicionar-te.
Um abraço bloguista

5:08 da tarde  

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