Vasco Pulido Valente também comeu bolas de berlim
Má educação
PUBLICO-15.07.2007-Vasco Pulido Valente
Não sei como a minha geração, que viveu em permanente perigo de morte, conseguiu chegar à idade adulta. A bolas-de-berlim, por exemplo. Quando, em 1940 ou 50, comecei a ir à praia, comia bolas-de-berlim, com a criminosa colaboração da minha família. Aparecia a D. Aida com a sua lata e, em dez minutos, lá iam duas bolas a escorrer de creme, sem qualquer investigação ou autorização do Estado. O Estado nessa altura não se interessava pela minha saúde. Fazia mal, fazia muito mal. Agora felizmente existe uma Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, a ASAE, que vigia este delicado comércio. As bolas têm hoje de estar em malas térmicas com uma temperatura de, pelo menos, 7 graus, têm de ser servidas com pinças (suponho que para evitar o pernicioso contacto da mão humana) e os vendedores têm, como é natural, de tirar um curso especial de "manuseamento". As multas vão até aos 3740 euros; coisa que se percebe muito bem quando se trata de combater a bactéria e a toxina e, sobretudo, de proteger a infância.
(...) E a ASAE não hesita. Na festa de Odivelas, fechou 16 barracas que vendiam "alimentos", por "falta de higiene" e "deficientes condições técnico-funcionais", e aprendeu 25 quilos de produtos "fora das regras". Quantas vidas não salvou com esta intervenção paternal? E que exemplo não deu a dezenas de loucas localidades, que preparam festas sem o escrúpulo e a assepsia que o nosso querido corpo exige.
(...) Na minha adolescência, era permitido ver filmes em que os cowboys matavam índios do princípio ao fim: um espectáculo deletério e deformador, que fica para sempre. Às vezes penso que, sem as bolas-de-berlim da D. Aida, sem as feiras populares por onde inconscientemente andei e sem cowboys, seria com certeza uma pessoa muito melhor. (...)
PUBLICO-15.07.2007-Vasco Pulido Valente
Não sei como a minha geração, que viveu em permanente perigo de morte, conseguiu chegar à idade adulta. A bolas-de-berlim, por exemplo. Quando, em 1940 ou 50, comecei a ir à praia, comia bolas-de-berlim, com a criminosa colaboração da minha família. Aparecia a D. Aida com a sua lata e, em dez minutos, lá iam duas bolas a escorrer de creme, sem qualquer investigação ou autorização do Estado. O Estado nessa altura não se interessava pela minha saúde. Fazia mal, fazia muito mal. Agora felizmente existe uma Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, a ASAE, que vigia este delicado comércio. As bolas têm hoje de estar em malas térmicas com uma temperatura de, pelo menos, 7 graus, têm de ser servidas com pinças (suponho que para evitar o pernicioso contacto da mão humana) e os vendedores têm, como é natural, de tirar um curso especial de "manuseamento". As multas vão até aos 3740 euros; coisa que se percebe muito bem quando se trata de combater a bactéria e a toxina e, sobretudo, de proteger a infância.
(...) E a ASAE não hesita. Na festa de Odivelas, fechou 16 barracas que vendiam "alimentos", por "falta de higiene" e "deficientes condições técnico-funcionais", e aprendeu 25 quilos de produtos "fora das regras". Quantas vidas não salvou com esta intervenção paternal? E que exemplo não deu a dezenas de loucas localidades, que preparam festas sem o escrúpulo e a assepsia que o nosso querido corpo exige.
(...) Na minha adolescência, era permitido ver filmes em que os cowboys matavam índios do princípio ao fim: um espectáculo deletério e deformador, que fica para sempre. Às vezes penso que, sem as bolas-de-berlim da D. Aida, sem as feiras populares por onde inconscientemente andei e sem cowboys, seria com certeza uma pessoa muito melhor. (...)
8 Comments:
Noutros tempos comer bolas de berlim era um previlegio para alguns, hoje é para todos, mas com as manias das dietas, creio que o negocio está fraco
Saudações, vou passando
e será que com tanta formação e tanto requisito técnico ainda vamos ver vendedores na praia ???
Nada como ser VPV para não notar que se existe alguma coisa que não está bem não é a actuação da ASAE, que apenas faz cumprir a lei. Mas VPV gosta de ser popular e vai-nos brindando com estas bolas, pérolas.
"Pãozinho de leite,ou pastéis fresquinhos";era o refrão que ansiávamos ouvir,por volta das 11 horas da manhã.E era ver a criançada toda a rodear o cesto de vime cheio daquelas preciosidades.Dizerem-nos que nos iriam retirar esse momento supremo?Uma heresia...
o mal foi ter deixado as licenças ambulantes e de estabelecimentos chegar a um ponto em que é impossível ao estado, formar, informar e acompanhar todas essas práticas. e, como não é possível ao estado, cumprir a sua parte, tona-se mais fácil pela coacção fazer chegar a mensagem. estão preocupados em obrigar ao uso de pinça para manusear os produtos, mas já se questionaram onde é guardada e higienizada, ao longo do dia, essa pinça?? será a pinça o utensílio mais adequado para a D. Aida manusear os seus deliciosos produtos, que eu tantas saudades tenho?
enfim, em vez de proíbir essas práticas e ter uma postura extremista, o estado devia apostar na orientação desses trabalhadores, que na maior parte das vezes não cumprem os requisitos por deconhecimento.
conservem as Donas Aidas! pois não há bola-de-berlim que me saiba tão bem como as da praia!
Ah!... as bolas de Berlim da Praia das Maçãs, nos dias de nevoeiro (quase todos).
Isso, seus palhaços, não permitam aos putos a criação de resistências imunitárias.
Pior é que os gajos andam aí e eu aqui relaxado com o frigorífico atulhado de alfaces com número ímpar de folhas.
e ainda por cima as bolas devem comer-se sem guardanapos e só depois de se já ter ido ao mar, para no fim se saborear o sal dos dedos e o açucar das bolas em toda a sua plenitude. desculpem, é que a ASAE tem razão ... que porcaria...
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