quinta-feira, maio 24

A senha

Como seria a vida A.S. (antes da senha)? Com uma chapinha? Mas de uso reduzido, provavelmente. Prefiro a Via Verde, mas temos que admitir que se trata de um sistema justo e democrático. Ou melhor, democrático sem dúvida, mas justo? Há alguma justiça em esperar tempos infinitos quando o que pretendemos é uma pequena diligência: dois selos, uma singela informação, uma caixa de aspirinas, um par de alheiras, levantar uns exames, tirar umas gotas de sangue, entregar um documento ou comprar o modelo C? Dois números à nossa frente e nós sem tempo. Ficha única. Assuntos rápidos? Pelo contrário: exigem averiguações, computadores, ficheiros, dúvidas e por vezes até alguma zaragata. Nos dias piores chega a haver indignação (dos outros) e constrangimento (o nosso). Sem culpa aparente mas sem desculpa, são olhares furibundos e a agitação colectiva que, em silêncio, nos fazem sentir embaraço: já tirou a senha? Espertinha a gaja, pensou sorridente a mulher com brincos de couve. E se vestisses dois números acima pensei eu.

2 Comments:

Blogger cs said...

é a ridicularização da democracia num ridículo país. Os hospitais estão cheios dessas maquinas cujo único objectivo não é ser democrático, mas somente para contabilizações internas. E quando está vazio o guichet, quantas vezes não nos perguntam se tirámos a senha. Vivemos num país contabilizado sob pena de não se produzir, sob pena de...e de....e de......e de sermos comandados por idiotas que mandam certificar serviços a torto e direito e cumprem apenas e somente a parte que não tem interesse nenhum dessa mesma certificação.
mas quem paga essas certificações somos nós e comemos com as ISO melhores do mundo, mas mais uma vez em muitos casos para inglês ver.
Mas enfim se for numa farmácia, a um Domingo, como é negocio protegido, lá esperamos alegremente .
Hoje tou bué de amarga. sorry

11:11 da manhã  
Blogger fernando ac said...

Avenida da republica, Segurança Social. Para regularizar um pagamento da empregada lá fui a este local. A caixa colorida tinha a boca aberta e nada de senhas. Olha devem ter ido buscar mais. Falso, explicaram-me que quando já lá está muita gente tiram o rolo de fita para que as pessoas "não percam tempo" uma vez que não vão ser atendidas pois não há autorização para horas extras. A Dona Madalena foi eficaz a receber a reclamação formal e escrita, no livro para o efeito. Quando ia a sair informou-me que empregadas domésticas é no areeiro, e não ali pelo que eu teria de apanhar o metro.

fc

5:00 da tarde  

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