No "Métro" com os nativos
Sei do que fala. Sei muito bem do que fala. Desde aquele grandioso, inesquecível, fantástico momento em que venci destemidamente, com destreza e mestria a diabólica máquina de bilhetes no metro da estação Étoile, tornei-me praticamente uma professional, uma técnica, uma igual a eles, uma nativa. Está a faltar-me a baguette enrolada em papel de jornal e o pivete a Gauloises, mas isso são já meros pormenores. Hei-de recordar-me sempre com orgulho da eficiência com que enfrentei aquela cuspidora de bilhetes desconhecida e de aspecto agressivo e como foram suficientes dois ou três segundos para a dominar. Implacável. Só o meu português me traíu e não falo da língua pois mantive-me em silêncio (just in case). Falo de um namorado que ficou completamente esmagado com a minha técnica e fascinado com a minha desenvoltura. Se porventura ele estivesse a ler isto, diria (discretamente) que sim com a cabeça. A partir daquele momento, daquela prova de fogo, com a aquiescência e aprovação dos índigenas, tornei-me uma verdadeira viajante. Depois disso, andar de taxi sozinha no Cairo, foi como beber um copo de água.
Termina o Alexandre, "Mudando de assunto: não lhes dói pensar que vão morrer sem nunca encostar um dedo em Natalie Portman? É só a mim que isso incomoda? Profundamente, profundamente?" Essas coisas com Natalies dispenso, mas até que gostava de lhe responder, ai se gostava. E nem precisava de ir a Israel ou a Hollywood.
(Cafés, compras, restaurantes, monumentos e bairros de Paris : visita guiada em inglês com french accent, aqui.)
NOTA: O Alexandre diz que "ainda me desafia para um duelo na frente da máquina de bilhetes da estação da Étoile, então. Mas para ser honesto sabe que perde. ;>)
Uma portuguesa e um brasileiro com uma fila de franceses à nossa espera, chateados com tanto multiculturalismo , havia de ser bonito:)
7 Comments:
Poi zeu não! Sou um autêntico desastre nesse tipo de coisas. Como se diz em português, um calhau.
Chego ali, leio aquilo tudo - enquanto finjo que estou à espera de alguém (que não vem) -, entendo perfeitamente que está tudo muito bem explicado, o que devo fazer em primeiro lugar, depois em segundo, bla bla bla...
Quando eu, por fim - depois de já ter perdido dois metros -, ganho coragem e ponho em prática o que está lá escrito, e depois de ter feito um esforço enorme prás pessoas pensarem que estava à espera da minha namorada - um dos truques que uso, é olhar muitas vezes pra longe e outras tantas pró relógio -, o que me sai é...
Uma coisa em que eu sou perito, é a carregar no botão que devolve as moedas. E a máquina devolve-mas. De vez em quando. Deve ser por pudor.
"Hei-de recordar-me sempre com orgulho da eficiência com que enfrentei aquela máquina desconhecida e de aspecto agressivo e como foram suficientes dois ou três segundos para a dominar. Implacável."
Onde tirou esse "curso", Miss Pearls?...
Miss Pearls,
"Isto" não se faz aso seus leitores...:) Mas perdoo-lhe quand même.
Bon voyage.
:)
Ma cher Voisine,
A mim o que me impressionava no Metro (e no RER) Parisienses - e que re-encontrei em Bruxelas aonde morei uns anitos - era o odor dos nativos...Degaulase!
A bientot e bonne weekend,
Cara Miss Pearls:
Caso para dizer que essa dos billets, do seu amigo ASS, será uma nova forma de pedir esmola. Resulta? É que, se o empregado da bilheteira fosse simpático, como resposta poderia estender-lhe duas notas de cem francos... Mas olhe que eu, que sou 25% nativo do hexágono e aprendi a lingua enquanto jovem, acho tb já cometi, uma ou outra vez, gaffes dessas.
Quanto às máquinas automáticas, o problema é bem mais complexo, pois acho que os portugueses, na generalidade, aqui ou na Conchichina, têm um problema com as ditas. São pouco práticos, ficam a namorar as ditas ou, ainda mais rigorosamente, a fazer-lhes festas ou algo que a moral e os bons costumes me impedem de mencionar. Mas a questão é idêntica no check out do supermercado, pois conversam com a empregada, são lentos, desajeitados a arrumar as compras, etc. É um desespero...
Sim. Eu sei. Estou mtº azedo!...
Boa viagem e boa Páscoa
Bem,então nem imaginam o autêntico "Adamastor"que era para mim entrar num aeroporto,e decifrar aquela sinalética toda,verdadeiros símbolos chineses,o pânico de que alguém se apercebesse dessa minha"burrice a olhar para um palácio".
Esse mesmo pavor do ridículo levava-me a preferir calcorrear Kms ,a entrar numa estação de metro,e,perante os outros,dizia que era a maneira de melhor conhecer a cidade!
Ó JC, esta tua parte final do texto descreve exactamente a minha relação com as máquinas mas... não com todas: máquinas há com quem eu tenho uma relação... perfeita. É que é mesmo peeeerfeita!!!....
É tal lógica das excepções e... não saímos disto....
Eu não quero contrariar ninguém, mas que tenho essa desenvoltura que Miss Pearls fala, lá isso tenho. Dificilmente me deixo atrapalhar com este tipo de coisas, mas essa de andar de taxi sozinha no Cairo com essa leveza de espírito, bem...não é para qualquer um.
É verdade Miss Pearls, haja saúde para dar a volta ao mundo e ir aprimorando a arte de aprender, sentir e saborear.
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