Uma questão de nervos

O Bocage é só para despistar, porque o quero mesmo é falar de uma irritação pessoal, que vai crescendo com a idade e com ela uma observação mais crítica e mais extremada, da qual não tenho particular orgulho. Mas há alergias, anti-corpos, nervinhos e até um dois adjectivos menos simpáticos, mas a carne é fraca para tanta expiação de pensamentos, palavras, actos e omissões. Falo de tiques, meus amigos. Tiques de fotografia para jornal, revista, panfleto, ou o que quer que seja que tenha uma fotografia tipo passe com uma mãozinha a segurar o queixo ou a esconder algum abcesso invisível.
Vejamos o retrato do Bocage. A postura do poeta remete-nos para um estilo, uma época, o arcadismo, o pré-romantismo, imaginamos a escrita sobre a solidão, o abandono do eu, o fascínio pela morte (Isto sou eu a divagar). Reparem que usei a expressão postura e não pose. Está aqui a razão do meu enfado, ou melhor, da minha irritação.
Para quê segurar o queixo? Parece-me muito francês, muita presunção essa de deixar fotografar a cofiar a barba, a afagar o queixo, pose a mais, naturalidade a menos, deixem lá o Malraux. É embirração minha, eu sei, mas o blog também é meu. Pela vossa rica saúde, ponham a mão na anca, mas não no queixo.