Sá Carneiro

Foi há 26 anos no dia 4 de Dezembro de 1980.

Lembro-me que me senti assustada. Recordo-me de ter estado à noite no velório no Mosteiro dos Jerónimos com um casaco "de senhora" preto, na hora estabelecida para os membros do Governo pelo Protocolo de Estado. Mas do que me recordo melhor foram as velas que ardiam cá fora, junto à parede do mosteiro.

Eram tempos para gente de coragem e Sá Carneiro sabia onde os encontrar. Também eram tempos de coragem para pensar como ele.

Tentei encontrar uma fotografia tirada num comício que teve lugar num pavilhão pré-fabricado, durante uma campanha eleitoral. Não eramos muitos, mas recordo-me bem do entusiamo. Junto a Sá-Carneiro estava ainda a Helena Roseta, Magalhães Mota (?) e Pinto Balsemão. Nessa noite, uma amiga que vivia no prédio foi-me chamar para ir a casa dela: estava lá o Sá-Carneiro. Uma excitação, espreitar pela porta entreaberta da sala. Era também o tempo dos fundadores.

Só tinha visto esse entusiamo na mistura de convicções que nos uniu na Fonte Luminosa. E nessa altura não se fretaram autocarros.

Desconfio que a minha "acção política" terá ficado por estas épocas fundadoras, tão agitadas quanto aventureiras. De memórias políticas, é tudo o que tenho, mas este blog também não fica para a posteridade.