Uma estranha forma de vida
Esta fotografia é para enganar, ou melhor, para ilustrar.
Há uns tempos para cá têm florescido "esplanadas" em tudo o que é rua. Haja passeio, que logo surgem meia dúzia de mesas e uma data de cadeiras. Indiferentes à largura determinada por lei, os donos dos estabelecimentos sabem bem com o que contam e com que não contam. A tradição da inércia, a indiferença bovina e o laxismo larvar fazem o resto.
Nas praias, no Verão, onde a ganância vence a lei e o respeito pelos outros, lá estão as esplanadas e quinze centímetros de passeio. Minto. Cinco centímetros de passeio porque ainda lá cabe a ementa sempre em pé. O resto, na melhor das hipóteses, é a estrada, mas o costume são carros estacionados.
À conta desta impunidade (onde andarão as licenças?), a mulher de um colega está com um pé em gesso há quase um mês. Foi em Sesimbra mas poderia ser em qualquer sítio, de preferência com turismo. Uma senhora esplanada, um passeio milimétrico, carros a circular, um pé mal colocado e uma ida ao hospital.
O ano passado perdi (mais uma) guerra com uma destas esplanadas. O que ganhei em irritação perdi em selos de correio e fotografias:
"Vimos acusar a recepção do V/carta, a qual mereceu a nossa melhor atenção. O conteúdo da sua exposição foi devidamente encaminhado aos Departamentos XXXX, bem como ao XXXX, de forma a que aqueles serviços procedam em conformidade face ao exposto.Com os melhores cumprimentos." Uma coisa assim, chapa quinze.
Em bom português: arquive-se.
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