segunda-feira, março 28

Um Príncipe aliado


Com uns conservados e elegantes sessenta anos, é com o maior gosto que tenho aqui no meu blog o Príncipe de Gales. Tem pinta, o Philip Charles, atributo que raramente concedo a alguém e gosto dele por inúmeras razões: porque é homem capaz de um grande amor, um pouco excêntrico, defensor de causas que também podiam ser minhas, possuidor de grande sentido humor, com gosto pela natureza e desgosto por modernices urbanísticas. Quero lá saber que fale com as flores. Um homem com um jardim tão maravilhoso como o de Highgrove, pode falar com quem quiser sem nunca perder a compostura.
Bem sei que teve aquele deslize de casar com a loura complicada quando certamente havia na Corte tantas donzelas em idade casadoura, mas era preciso continuar a espécie e a Camilla já não ia para nova. Qualquer leitora da Paris Match ou da Hola, por mais conservadora que fosse, perceberia que aquilo não tinha grande futuro. Infelizmente, teve o pior dos desfechos.
Aliás, nunca lhe desculparei não ter feito de uma amiga minha madastra dos seus filhos. Ficaria muito bem na fotografia ao lado da família real e até era mulher para deixar de lado os sapatos Fendi e converter-se a passeios no campo e a cavalariças mal cheirosas.
Por ocasião do seu aniversário, a CBS passou uma reportagem estupenda na qual o princípe confessava o seu gosto pelas longas caminhadas em detrimento do sedentarismo da televisão, a sua paixão pela jardinagem e o hábito de escrever cartas, isto enquanto procurava na estante o CD de Wagner. Tudo ali fazia sentido, até mesmo o esquilo que apareceu na soleira da porta, espécie ameaçada que o Príncipe quer defender criando uma associação que ajude estes simpáticos animais a sobreviver.
Gosto dele porque tem consciência que não pode salvar o mundo. Ao contrário das vedetas do entertainment que vão enchendo estádios e os bolsos dos ditadores milionários de países sem comida nem planos de vacinação, para onde canalizam muito dinheiro e boas intenções, é com muita paciência que o Princípe de Gales vai sensibilizando os agricultores para o problema do uso excessivo de fertilizantes e para a necessidade de tratar do solo com produtos alternativos. Já agora, a loja do jardim é um encanto.
Aprecio nele a paciência e a convicção de que a sua influência reside no poder de união. Admiro-lhe a perseverança com que defende os seus pontos de vista tanto em matérias como a educação para as artes como a salvaguarda do património, apesar de saber que é necessário muito tempo antes que surja alguma transformação.
Teve graça quando, num jantar com mecenas, agradece à "Madame Mum" ter aberto as portas do palácio real para os receber e saiu-se ainda melhor no poema do Longfellow com o esquilo na porta aberta para o jardim*.
Pela minha parte, aqui fica um post aberto para um homem civilizado e seja bem-vindo. Isto por cá é um pouco abarracado, os índígenas preferem um lugar de estacionamento a um pequeno jardim, os prédios antigos são para abater, as árvores põem-se doentes e o chá é bem escasso. Mas pode ser que se aprenda alguma coisa consigo.


Highgrove Collection, a range of finely crafted bone china pieces, created under exclusive license to celebrate the 60th birthday of His Royal Highness Prince Charles on November 14th, 2008.

*The Song of Hiawatha, by Henry Wadsworth Longfellow

Of all beasts he learned the language,
Learned their names and all their secrets,
How the beavers built their lodges,
Where the squirrels hid their acorns,
How the reindeer ran so swiftly,
Why the rabbit was so timid,
Talked with them whene'er he met them,
Called them "Hiawatha's Brothers."*

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E que venham muitos principes destes, inspiradores de posts óptimos da nossa querida Miss Pearls !!!!
TeB

12:12 da tarde  

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