Um novo ano

Cá estou neste último dia do ano: asnotícias da morte deste modesto blog foram claramente exageradas e eu nada fiz para as desmentir.

A verdade é que gosto deste blog; faz-me falta, gosto de escrever (mesmo com pouco talento), gosto de andar por aqui, gosto de o viver com os leitores, sinto saudades da companhia de quem me lê.

Bem sei que a vida por vezes corta-nos as voltas com problemas de saúde dos nossos, falta de alegria ou paciência. Mas a minha vida não tem sido fácil e quantas vezes desafio as contrariedades com forças que não sei de onde vêm. E este blog ajuda. Raramente será um saco para o desânimo, antes pelo contrário, sempre o vi como um pretexto para me divertir.

Temos demasiados posts em draft, eu e a minha gata, já um tanto maçada com a situação. Queixa-se, com razão, de que anda a escrever para o boneco, e julgo mesmo que os sofás arranhados são já uma espécie de represália contra o silêncio do pedaço. 

Este final de ano veio cheio de restos de tinta, remodelações, bricolage e trabalho, mas cheira a novo e isso agrada-me. No entanto, e apesar da tendinite, a ordem e a vida doméstica voltam aos seus lugares, armários e gavetas. Que isto seja uma questão de princípio mas não um modo de vida. Alguma desordem tem a sua graça, torna o espírito mais livre e vive-se com menos constrangimentos. Coisas minhas

Que o ano novo que aí vem seja bondoso e suave para todos. Que esta cidade se torne mais amigável e que a luz verde encha Alvalade de alegria. Fico por aqui, com optimismo moderado, que os tempos não estão para festas.

Por estes lados, a mesa está posta e a couture em ordem. As velas do Loreto ficam muito bem na baixela dos czares

Encontramo-nos aqui em 2011. O importante é voltar.

Termino como de costume, com a companhia do Steve Harley  e " Make Me Smile (Come Up and See Me)"

Fotografia: Hermitage de Amsterdão