O "estojo"
Há que tempos não ouvia a expressão "esse estojo". Tinha a sua graça, esse atributo, uma espécie de gíria já algo datada, que significava "parvo" ou "tolo", verbalizado por quem teria alguma dificuldade em expressar em público um desagrado, fosse dirigido a homem ou mulher.
"Esse grande estojo", pronunciava-se com enfado ou agastamento pelo comportamento de alguém que nos provocava irritação. Curiosamente, era uma expressão algo insultuosa mas que não deixava de ser educada. Hoje em dia, a gíria e o calão têm já fronteiras bastante ténues para muita gente, mas há muitos anos atrás, seria de certa forma indecoroso ir mais além do que "esse estojo".
Na verdade, a expressão aplicava-se a inúmeros casos: alguém que se insinuava demasiado, hipocrisias dissimuladas, falta de humildade, ostentação, excesso de zelo, desprezo pelos outros, vaidade, soberba, entre outros mimos. Vendo as coisas a esta distância parece-me, contudo, que seria a expressão, dentro do reino dos quase-insultos, a que mais se adaptava a má língua de pastelaria, encontro de mercado ou conversa de rua. Era uma expressão mázinha, mas não excessivamente. Seria até bem aceite socialmente, como se diria hoje em dia, mas é preferível não a usar: ficariam a olhar para si. Tenho a certeza de que tem escolhas muito mais coloridas.
(Texto editado, com uma dedicatória especial)
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