quarta-feira, fevereiro 3

Em modo transparente

Há quem se aborreça de viver na cidade, no anonimato, em prédios sem alma, ao som do elevador, dos bons dias, das boas noites, obras no terceiro esquerdo, obrigada, feche a porta para sua segurança e publicidade aqui não, obrigada.
No entanto, encontrei há dias uma criatura encantada por, finalmente, ir viver para um condomínio fechado, tipo série Dallas, com espaços comuns, jardim acanhado, sistemas de rega, baloiços, cartão de segurança e varandas T0 mobiladas a rigor. Confesso que não fiquei muito entusiasmada com aquela vida comunitária. Achei os vizinhos do duplex superior uns metediços, os meninos do rés do chão muito impertinentes e, a não ser o casal recém-casado, indiferente à exaltação causada pelos maus acertos nos mármores, arrepiou-me a intimidade a que estavam obrigados os habitantes daquela espécie de bunker para ricos. Ainda a tentei demover com conversas sobre privacidade, excessos de zelo, desmazelo, contas em atraso, indiscrições, susceptibilidadaes, espíritos de porteira, gente abelhuda, pequenas vinganças, retaliações, cenários ruidosos de brigas familiares, mas nada a demoveu. São gostos.
Hei-de voltar lá um dia destes para confirmar se ainda se mantém a fraternidade compulsiva daquelas famílias entre muros. Por mim, mega-condomínios não, obrigada. Ou melhor, condomínios só mesmo obrigada.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Cara Vizinha,

Durante o meu casamento, a minha ex-mulher, nata e moradora no Bairro da Madre Deus, teve uma vizinha assim que finalmente se realizou ao vender a moradia para comprar uma apartamento em Odivelas.

Sem comentários...

Respeitosos cumprimentos a todos,

5:32 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

excelente, Miss.

T

1:57 da manhã  
Anonymous blita said...

Monforte da Beira?

9:34 da manhã  
Blogger M Isabel G said...

Blita,
Yes:)

Caro Vizinho.
são gostos.... não se discutem ;)

1:11 da tarde  

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