No Cais das Colunas
Valeu a pena o frio de Domingo à tarde junto ao Cais das Colunas liberto dos tapumes, onze anos depois e provisoriamente ali aos nossos pés, as pedras limpas do ancoradouro.
Por quinze dias, até que novas obras obriguem a novas barreiras, vale a pena uma visita. Casais falavam aos filhos dos encontros de namoro naquele local que não conheciam, emigrantes fotografavam-se para desanuviar a saudade, estrangeiros reconheciam nos guias fotografias antigas e os idosos não quiseram perder a memória.
Valeu a pena estar de frente para o rio com a água ali aos pés, com um pouco de saudosismo quebrado pela calçada desleixada e por candeeiros-palito* em vez dos antigos globos que ali pertenciam. No Terreiro do Paço, meia dúzia de roulottes abarracavam a praça ao lado de bolas azuis de aspecto lunar. Não fosse o D. José I e os vetustos edifícios a brilhar de tanta luz, poderia jurar que aquilo não passava de um largo de feira ou as redondezas de um estádio antes de um jogo de futebol.
Porventura estarei a ser injusta, mas nada há de mais injusto para uma cidade do que entaipar, durante anos a fio, o que ela tem de mais emblemático devido ao desmazelo dos homens, reais e consequentes trapalhadas. Dizem que a empreitada vai prolongar-se durante cerca de um ano e manter intransitáveis dois terços da Praça do Comércio. Sabendo nós que por cá, um ano nunca é um ano, o melhor é visitar já um pouco desta Lisboa desaparecida.
*Paulo Ferrero dixit
2 Comments:
Ai, Lisboa... amanha regresso. :)
Sim,sim. Visitar rápido antes que alguma multinacional se lembre de "abrilhantar" o lugar com o consentimento dos supostos entendidos em urbanismo.
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