Aquela luz
Das lojas onde vendem sacos de serapilheira, ráfia, rolhas de cortiça, baldes de lata, conservas variadas, bacalhau de toda a espécie, grão em saco, feijão ao pacote, bandeiras, carimbos, taças, ferragens, botões, rendas, colchetes, presilhas, perfumes a litro, tecidos a metro, de tudo isto guardo da Baixa as melhores lembranças. O barulho, os escapes, as buzinas, as janelas abertas dos prédios abandonados, o deserto das ruas depois do fecho, fica para mais tarde, ou então para outro lugar.
Sobre Lisboa, um texto já editado, que dedico aos amigos que fiz por lá:
"Um turista que chegue a Lisboa deve ficar um tanto ou quanto baralhado com a diversidade de souvenirs que pode levar para o seu país. Eu própria nunca me tinha apercebido do bric a brac que existe nessas pequenas lojas de recordações, até ter, por curiosidade, entrado numa delas. Temos, de facto, uma enorme criatividade e imensos artigos de diversos materiais cuja utilidade só consigo imaginar como meramente decorativa. Numa palavra, temos dezenas de locais very typical, prateleiras e prateleiras de pequenos objectos em lojas acanhadas que devem fazer as delícias de um colecionador e atafulhar malas e malas de turistas com as mais variadas recordações para a família e vizinhança. Em comparação com alguns países europeus, saímos claramente a ganhar em originalidade e design.
De Espanha trazemos o merchandising ligado ao futebol, às touradas, as bonecas sevilhanas, as miniaturas de pratas e espadas de Toledo, os leques e, em tempos remotos, os caramelos e o brandy de cujo nome já não me recordo. Os alemães continuam a vender vestígios infindáveis do Muro de Berlim, o Beethoven pisa-papéis, o busto do Bach, as canecas de cerveja e de novo o merchandising de futebol. A Aústria tem os licores, o Mozart pisa-papéis e a Sissi. Da França trazemos os porta-chaves Torre Eiffel, o Arco do Triunfo pisa-papéis, e ainda o futebol. Do Egipto compramos por todo o lado o gato Bastet, o escaravelho, os bustos da Nefertiti e do Ramsés e pirâmides pisa-papéis. Da Inglaterra, qualquer prato com a família real ou um urso do Harrods custa um disparate, mas um dedal-Diana, um lápis com os guardas da Torre de Londres ou um bloco de notas com os Double Deckers ainda se conseguem a preços módicos. A Itália tem muito por onde escolher entre o Vaticano e o Coliseu, mas em Portugal?
Experimente também o caro leitor entrar numa destas lojas de souvenirs com bandeiras e postais ilustrados no exterior e estou certa de que ficará tão surpreendido quanto eu. Assim à primeira vista o Galo de Barcelos poderá parecer-lhe o mais solicitado, mas repare na variedade de varinas, traineiras em todos os tamanhos e na quantidade de Nossas Senhoras de Fátima. Abreviando, são pratos e pratinhos em louça com a Torre Belém, os magnéticos com os eléctricos, os galos que mudam de cor, bases de cortiça e azulejos Cristo Rei, porta-moedas e sacos em tapeçaria (?) rolhas decorativas de garrafas Galo de Barcelos, dedais elevador da Glória, cinzeiros Terreiro do Paço, isqueiros, canetas, paliteiros, azeitoneiras, corta-papéis, colheres, canecas, Rosários, caixas, pequenas garrafas para água de Fátima (em diversos materiais), répilicas dos antigos táxis e de guardas da gnr pisa-papéis, cartas de jogar, harmónicas, corta-unhas, panos de cozinha, relógios de parede, louça variada, porta-guardanapos, sinos, travessas tipo prata Rossio, pegas para fogão D. Fuas Roupinho, guitarras miniatura, peças em vidro amor de mãe/Cristo-Rei, e claro, muito futebol. Foi o que pude anotar, mas acreditem que por ali há um grande e variado mundo de pequenas inutilidades que poderão ficar bem em qualquer cozinha, parede de sala, tampo de cómoda, ou estante por esse mundo fora. E falo por mim: não resisti ao Rossio pisa-papéis. Daqueles em bolas de vidro que se agitam e aparece qualquer coisa parecida com neve. Aqui na minha secretária vai nevar no Rossio todo o ano.
De Espanha trazemos o merchandising ligado ao futebol, às touradas, as bonecas sevilhanas, as miniaturas de pratas e espadas de Toledo, os leques e, em tempos remotos, os caramelos e o brandy de cujo nome já não me recordo. Os alemães continuam a vender vestígios infindáveis do Muro de Berlim, o Beethoven pisa-papéis, o busto do Bach, as canecas de cerveja e de novo o merchandising de futebol. A Aústria tem os licores, o Mozart pisa-papéis e a Sissi. Da França trazemos os porta-chaves Torre Eiffel, o Arco do Triunfo pisa-papéis, e ainda o futebol. Do Egipto compramos por todo o lado o gato Bastet, o escaravelho, os bustos da Nefertiti e do Ramsés e pirâmides pisa-papéis. Da Inglaterra, qualquer prato com a família real ou um urso do Harrods custa um disparate, mas um dedal-Diana, um lápis com os guardas da Torre de Londres ou um bloco de notas com os Double Deckers ainda se conseguem a preços módicos. A Itália tem muito por onde escolher entre o Vaticano e o Coliseu, mas em Portugal?
Experimente também o caro leitor entrar numa destas lojas de souvenirs com bandeiras e postais ilustrados no exterior e estou certa de que ficará tão surpreendido quanto eu. Assim à primeira vista o Galo de Barcelos poderá parecer-lhe o mais solicitado, mas repare na variedade de varinas, traineiras em todos os tamanhos e na quantidade de Nossas Senhoras de Fátima. Abreviando, são pratos e pratinhos em louça com a Torre Belém, os magnéticos com os eléctricos, os galos que mudam de cor, bases de cortiça e azulejos Cristo Rei, porta-moedas e sacos em tapeçaria (?) rolhas decorativas de garrafas Galo de Barcelos, dedais elevador da Glória, cinzeiros Terreiro do Paço, isqueiros, canetas, paliteiros, azeitoneiras, corta-papéis, colheres, canecas, Rosários, caixas, pequenas garrafas para água de Fátima (em diversos materiais), répilicas dos antigos táxis e de guardas da gnr pisa-papéis, cartas de jogar, harmónicas, corta-unhas, panos de cozinha, relógios de parede, louça variada, porta-guardanapos, sinos, travessas tipo prata Rossio, pegas para fogão D. Fuas Roupinho, guitarras miniatura, peças em vidro amor de mãe/Cristo-Rei, e claro, muito futebol. Foi o que pude anotar, mas acreditem que por ali há um grande e variado mundo de pequenas inutilidades que poderão ficar bem em qualquer cozinha, parede de sala, tampo de cómoda, ou estante por esse mundo fora. E falo por mim: não resisti ao Rossio pisa-papéis. Daqueles em bolas de vidro que se agitam e aparece qualquer coisa parecida com neve. Aqui na minha secretária vai nevar no Rossio todo o ano.
(fotografia: Cidadania Lx)
Como me posso ter esquecido disto?
Comentário do Luís Bonifácio :
Esqueceu-se dos Bustos do Padre Cruz e do Dr. Sousa Martins.
2 Comments:
Do que esta senhora se havia de lembrar... Está giro o post, Miss Pearls. :)
Esqueceu-se dos Bustos do Padre Crusz e do Dr. Sousa Martins.
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