Nova estação

Este post foi editado em Abril do ano passado. O vento mudou e a moda não voltou a ser a mesma: desapareceram as roupas por andares e o umbigo ao léu. Já sobre o mercado dos piercings, à primeira vista parece-me que estabilizou, mas isso não são contas do meu rosário.

A verdade é que hoje vi duas sardaniscas roliças a sair do muro coberto de hera e a pôr a vida ao sol. A zoologia tem que se lhe diga.

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E quando as mulhes, jovens e menos jovens, se preparavam para sair da descongelação do Inverno, eis que o aquecimento global vem estragar o esquema de quem já se expunha corajosamente ao primeiro calor de mais uma Primavera (ou será Verão? anda tudo trocado). Este ano, com a roupa por "andares", safam-se bem os corpos esguios e as pernilongas de salto altíssimo. Estão de volta os umbigos ao léu, os ombros descaídos e a falta de espelhos. Exibem-se tatuagens e desvelam-se os mais variados adereços que perfuram os corpos e cujo encanto sempre me transcendeu.

Ainda não consegui esquecer o piercing em forma de aranhiço que uma jovem exibia no lábio inferior, que lhe alterava a fala e, mais do que certo, lhe transtornava as refeições. À medida que falava, eu ia tendo visões de verdadeiros jardins zoológicos de micróbios com livre-trânsito, um cadinho de cultura de germes e bactéricas, uns a germinar no quentinho, outros com saltos acrobáticos, flic flac mortal empranchado, em trampolim, para cima dos meus ombros, dos meus cabelos, e eu a recuar, sem detergente ali à mão nem opção de retirada. São novas, logo lhes passa. Já as menos novas, com a Primavera e o calor à solta por aí, devem ser coisas do metabolismo ou efeitos dos raios gama.

Pet Shop Boys - Being Boring