Post com música de fundo

Há um sketch dos Gato Fedorento em que dois vizinhos se encontram no elevador e mantêm uma conversa ao mais alto nível sobre meteorologia a chamada "conversa de elevador". De certeza que não há quem não tenha sentido algum constrangimento por partilhar um espaço fechado com anónimos ou conhecidos, em elevadores de prédios residenciais ou de espaços comerciais. Não há por onde olhar e, a não ser que exista alguma conversa entre os presentes, nesse caso somos todos mirones compulsivos. Mas o normal é mesmo o silêncio e o desejo de sair dali o mais rapidamente possível. Desconfio que as frases mais comuns sejam: "pára em todas as paragens", "vai subir?", "vai descer", "saio já aqui", e de vez em quando bom dia, boa tarde, obrigada ou com licença. À semelhança do metro, os telemóveis sempre servem de alguma distração. Já tenho constatado que a presença de uma criança pemite que as atenções se concentrem nas suas gracinhas, ocasionando até alguma "interactividade" entre os presentes. Creio que as crianças devem detestar elevadores e que dispensam conversas de estranhos. Eu faço-lhes as vontade. Segurar a porta para sair do elevador ou do prédio, é outra cena. Acho que o gesto tem alguma cortesia, mas não estranho se o não fizerem, assim como não estranho que finjam que não reparem que há gente a querer entrar. Considero de mau gosto, mas o benefício da dúvida deixa-nos margem para pensamentos menos piedosos e depois, chegados ao destino não se pensa mais nisso.

Agora se formos os únicos no elevador, o caso muda de figura. Sempre se dá um jeito à roupa, abre-se o porta-moedas e cada um que fale por si. E o espelho dá muito jeito para cabelos e batôns, nada que as câmaras de video não estejam fartas de ver.

Com licença. Saio já neste piso.

(Post com música de fundo do James Last e Richard Clayderman)