sexta-feira, março 28

Corte & escovinha

Gostava de saber o que iria pela cabeça daquele homem, ainda novo, suponho que casado, com quem há dias partilhei o mesmo salão de cabeleireiro (ainda se diz assim?). Parece-me que é bastante comum aparecerem por lá cavalheiros a cortar o cabelo. Nunca perguntei nem o tenciono fazer, mas acredito que fiquem um pouco constrangidos com aquele corropio feminino entre lavagens, secadores e verniz das unhas.
Ao contrário da restante clientela, não têm literatura adequada. Ou melhor, não me recordo de algum deles alguma vez ter aberto as revistas cor de rosa ou de cabelos (levante o dedo aquela que nunca o fez). Depois, ninguém lhes dá conversa, o que me parece agradecerem.
O cavalheiro do outro dia, sentado entre uma madura com alumínios no cabelo e outra madura de mão estendida e cabeça enrolada numa toalha, aguardava pacientemente a sua vez, enquanto ia estudando a vitrina dos cremes. De facto, o panorama era pouco animador. Meia dúzia de tesouradas depois, escovinha no pescoço e estava pronto a sair, mas não sem antes pedir o frasquinho de gel do qual terá ficado com boa impressão. Mesmo sem ter direito a espelho, pareceu-me aliviado por sair dali. Nós ficámos. Uma mais loura, outra mais nova, a mais velha de unhas pintadas e a mais jovem ainda com mais manias.

7 Comments:

Blogger mm said...

adorei

7:40 da tarde  
Blogger Pedro said...

Podia ter sido eu, mas não sou casado e não cortei o cabelo por estes dias - se bem que precise.
Corto à vários anos cabelo com a mesma pessoa. Nestes anos, mudou duas vezes de "salão" (até se poderá dizer, mas é uma palavra que não gosto). A clientela deste último são sobretudo senhoras (parece-me que quando lá estou, sou sempre o único homem).
Obviamente que já as vi com os vários adereços que falou (à exepção das penas de faisão do post anterior). Como me lembro, em pequeno, de acompanhar a mãe ao cabeleireiro, tal nunca me fez diferença. Portanto, digamos que quando vou cortar o cabelo vou, tão somente, cortar o cabelo e os meus pensamentos não estão propriamente a pairar sobre as madeixas da senhora ao lado.

9:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

(risos, diverti-me ao ler)... se o cavalheiro parecia aliviado ao sair de lá é porque não era metrosexual. Eu continuo a ir ao barbeiro e os meus filhos também. Preconceituoso é o que eu sou...

12:03 da manhã  
Blogger Sergio Barroso said...

Sabes que lá onde corto o cabelo nunca lá vi nenhum outro homem. Só mulheres. Isso nunca me incomodou, nem a falta de literatura masculina, pela simples razão que elas aos homens despacham-nos logo. bjos

3:13 da tarde  
Blogger M Isabel G said...

É verdade Francis:aos homens despacham-nos logo. Como digo, nem têm direito ao espelho para verem o corte por detrás, como fazem com as mulheres. Passam a escovinha para tirar os cabelos do pescoço e andor !
:)

3:47 da tarde  
Blogger Bic Laranja said...

Bela crónica!
Já vejo 'ateliers' em lugar de salões, mas ainda arranjo barbeiros aonde ir. Para não ser actor nestas crónicas
Bela crónica. :)
Cumpts.

11:45 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

é pena os salões de barbeiras não estarem devidamente equipados com as tradicionais cadeiras...é a única falta que sinto. No resto, a minha cabeleireira/barbeira é bem eficiente, não sabe nada de futebol, mas tenta sempre explorar outros temas sociais. Ao resto da clientela nunca pareceu interessar a minha condição masculina, mesmo quando não resisto ao folhear do material literário ao dispôr...

J

3:00 da tarde  

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