"Madrid Me Mata era o nome de uma revista que, na década de 80, ficou ligada à movida madrilena. No pós-franquismo, e com a cumplicidade do alcaide socialista Tierno Gálvan, a capital espanhola tornou-se, do dia para a noite, um sítio da moda cosmopolita, onde se misturavam pós-punks e neo-românticos, os grafitti de Muelle e o cinema de Trueba, os concertos no Rock Ola e todas as tribos na discoteca Carolina, revistas e fanzines chamados La Luna ou Madriz, a música dos Mecano e de Los Secretos e dos Gabinete Caligari, travestis e andróginos, a galeria de Blanca Sánchez e bares como La Vía Láctea, pop e tecno, os cartazes assinados por Ceesepe e programa de televisão como La Bola de Cristal, os actores Carmen Maura e Antonio Banderas, a roupa e a arquitectura, as fotos Ouka Lele e os quadros de El Hortelano, e, sobretudo, copas, e sexo, e drogas, e alegria. Todo esse ambiente vai ser agora recriado no Mónaco, onde o tradicional Baile da Rosa, que muda de tema todos os anos, é inspirado na movida da década de 80. (...) O convite é, por si só, uma síntese daquele tempo que mudou para sempre a capital espanhola: concebido pelo fotógrafo e designer gráfico Juan Gatti (que assina, por exemplo, alguns dos melhores cartazes dos filmes de Almodóvar), além do realizador de Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos, junta a cantora e actriz transexual Bibiana Fernández (antes conhecida como Bibi Andersen), que surge em filmes como Matador, A Lei do Desejo, Saltos Altos e Kika; a cantora Alaska, que foi vocalista de bandas emblemáticas como Alaska y los Pegamoides, Alaska y Dinarama e Fangoria; e ainda Mario Vaqueriz, jornalista e músico do projecto Nancys Rubias, que regravou o sucesso de Bibiana, Sálvame. E pode ser que, também por cá, se assista a um revivalismo em torno de canções como Chica de Ayer, dos Nacha Pop, Insurrección, dos El Último de la Fila, ou La Mataré, dos Loquillo y Trogloditas. Ah! Madrid Me Mata."

*

Texto: A 'movida' no Mónaco de Fernando Madaíl Imagem: Invitation for Traditional Rose Ball in Monaco