domingo, março 2

Sobressalto

Impossível não estremecer perante a naturalidade com que a personagem de Bardem dispara tanto sobre um pássaro como sobre um ser humano. É difícil não sentir um sobressalto perante um assassino preocupado com o sangue nas meias, nos sapatos e no soalho. É improvável não sentir um abalo quando se joga a vida à moeda com a mesma normalidade com que se negoceia uma camisa.
Por saber, ficou a razão porque depois da morte gratuita e anónima de velhos campónios da América profunda, mexicanos sem rosto, animais com dono, e tantos outros intervenientes no local errado, dois dos principais personagens, ainda novos, morreram à porta fechada.
Um grande filme feito de violência gratuita, com um assassino que carrega um cilindro de gás pressurizado que usa tanto para abrir portas como para matar, enquanto se tenta encontar uma explicação para uma espécie de código moral que só existe na mente psicótica do personagem.
Perto do final, perante este poder gratuito do assassino, tão simples quanto inevitável, a resposta surge tão simples quanto um sorriso: Carla Jean Moss: You don't have to do this. Anton Chigurh: [smiles] Everybody says that.
Impossível não estremecer.

1 Comments:

Blogger ana v. said...

Ainda não vi este filme, vou disfarçando pela preguiça de tanta violência. Em compensação, acabei agora mesmo de ver o Bardem noutro magnífico papel, no belíssimo Os Fantasmas de Goya, do Milos Forman. E recomendo vivamente.

1:51 da manhã  

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