Post com vistas
Não necessariamente as minhas, mas também as que tenho daqui, deste post nocturno, um pouco cansado e silencioso. Um post sem ruído, feito de objectos à esquerda, à direita, candeeiros e ar quente. São os ambientes de quem escreve, sem vistas serra nem vistas mar. É somente o olhar que pousa sobre dezenas de pequenas coisas (tantas inúteis) que fazem o quotidiano da nossa escrita, um caos para quem vê mas não para quem sente, significados que só alguns conhecem, uma lembrança, um postal, um post it ou dois que recordam prazos ou intenções, fotografias amareladas, o anel que cansa, os brincos inúteis, a cola vazia, o telefone da pizza, do talho e da bricolage.
Metro e meio de um um labirinto próprio, tão familiar quanto este teclado ou a altura da cadeira, a colecção de lápis sem bicos ou uma chave de fendas no domínio de velhas canetas, mil e um objectos que parecem conformados ao convívio, sem espaço próprio e sem organização. Impedidos de se amotinarem, caixas de agrafes coabitam com botões de vestuário de origens desconhecidas, borrachas coloridas convivem com apara-lápis aparentados com a Kitty e réguas variadas coexistem com papéis a necessitar de uma limpeza. E quando a casa se apaga, este é um local que nunca dorme com quatro pequenas luzes que dominam vistas ordeiras onde se escrevem posts arrumados ou, pelo contrário e apesar de tudo, se escreveu este também.
2 Comments:
Bom texto, cosy como o ambiente que a fotografia sugere. Quem escreve sabe bem como tudo isso é verdade.
Obrigada :)
Muita simpatia a sua
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