segunda-feira, novembro 19

Apagar ou não ou não apagar, eis a questão.

Num assomo fúria, ouço uma amiga impulsivamente ameaçar que "este sai já dos contactos". Não posso jurar, mas parece-me que liquidou de vez um dos telefones que tinha na agenda, se bem que eu tenha quase a certeza de que sabe o número de cor. Caso contrário, espero que não se venha a arrepender e ande por aí a fazer figuras tristes com justificações meio aparvalhadas.
Se, neste caso, percebo (mais ou menos) o que leva alguém a dizimar um número de uma lista telefónica, creio haver um vasto lote de motivos que nos induzem a riscar o nome de fulano ou sicrano numa genda ‘dinossáurica’ ou a premir o delete com maior ou menor destreza.
Creio que não são necessários divórcios litigiosos, brigas de alcoviteiras e enredos de ciúmes para abater apelidos, sobrenomes ou alcunhas devidamente armazenadas em listas telefónicas.
Por vezes é suficiente a falta de disponibilidade ou alguma resposta mais imprópria de alguém que procurámos por emergência doméstica ou até por uma mesa num dia especial, para rapidamente ser considerado excluído da lista top + das nossas preferências. Pode ser o melhor canalizador ou o melhor restaurante, mas a agilidade de movimentos consegue ser ainda superior. O arrependimento há-de vir depois, mas naquele momento não há lugar a concessões nem a dúvidas existenciais.
Mas não só em momentos impetuosos se exterminam nomes e telefones. O tédio pode igualmente ser mau conselheiro, pelo que é de evitar tomar resoluções irreversíveis em consultórios médicos ou salas de aeroportos. Nunca se sabe quando é que teremos necessidade de contactar o colega que não vemos há séculos, a amiga da sogra, o vendedor da nossa primeira casa ou alguém de quem ficámos com o número e com uma vaga idéia.
Conheço gente para quem todos os números são indispensáveis, conheço outros para quem a maioria dos nomes estão a prazo e depois há a minha amiga lá de cima, a do delete do nosso contentamento, que não irá demorar muito até pedir o número de novo. Antes que tenha algum desgosto já a avisei de que uma lista telefónica é como uma escova de dentes: pessoal e intransmissível.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Carissíma, as listas de telefone, são sempre úteis, mesmo por causa daqueles que nos são alguma vez na vida hóstis, e depois há aqueles que nunca podemos esquecer mesmo que nos tenham feito alguma patifaria, e claro, hesiste sempre os outros que estão sempre aqui ao pé do coração.


Um beijo carissíma.

8:45 da manhã  
Blogger Dulce said...

A experiência diz-me que de nada vale apagar um contacto. Porque algures na nossa memória estão os nove dígitos. Ou num cartão pessoal perdido numa gaveta, ou na tal agenda pré-histórica que ainda guardamos, ou apontado num dos post it que habitam a secretária há anos.... enfim.
Se há números que eu já não devia de ter nos meus contactos? Há.
Mas não me dou sequer ao trabalho de os apagar. Estão lá ‘quietinhos’ e não incomodam.

E, quiçá, um dia até sirvam para uma daquelas vingançazinhas inocentes a que nós, mulheres, achamos engraçadas. Estilo, dar o número do ex ao cabeleireiro efeminado lá do bairro ou o número da amiga (que afinal não se revelou digna desse epíteto... ) ao canalizador desdentado que vive no r/chão dela. ;)

6:05 da tarde  

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