quarta-feira, janeiro 10

Ventos de modernidade

Não deixa de ser uma experiência fascinante passar cerca de uma hora numa repartição pública. Digo isto para quem não está a olhar para o relógio, claro.
Determinada a resolver de uma vez só alguns problemas relacionados com a logística das delícias do lar, a mega-repartição da Loja do Cidadão é, de facto, o paraíso para o consumidor. Depois de tirar a ficha da ordem, sento-me ao lado de mais duas portadoras de facturas. A conversa aqui, à semelhança do que acontece em consultórios médicos, vai dar sempre ao mesmo: queixas (a minha úlcera é maior que a tua, pago mais impostos do que tu, olha aqui o inchaço no joelho).
Esquecendo-se por uns instantes dos problemas do contador, a mais velha contava à outra (que aparentemente tinha acabado de conhecer) a razão do luto. " Coitadinho do meu tio, adromeceu e ficou-se que nem um passarinho. Uma morte santa." Quem ficou satisfeita por sair daquele velório "municipalizado", fui eu, com o meu número a piscar. A menina aponta-me para uma caixa tipo multibanco ao lado de um poster de propaganda do Simplex e pasme-se, aquilo era uma máquina do demo. Põe-se o código de barras da factura sobre o leitor, enfiam-se as notas por uma ranhura, recebe-se o troco e já está a factura paga. Sem dor.
Entretanto, já se tinha aproximado um cavalheiro com ar entendido. Desconfio que foi confirmar se eu tinha saloia escrito na testa.

4 Comments:

Blogger Maria de Fátima Filipe said...

Uma aguinha frutada fresquinha também não vai mal, para arribar!
:)

1:01 da tarde  
Blogger Jansenista said...

Há uns anos uma deliciosa tripeira gabava-se de um novo vestido «fruta-cores». E águas frutadas deve ser aquilo do Frize...

1:52 da tarde  
Blogger Eurydice said...

Misspearls, adorei o seu post!... Que delicioso humor!

Já agora, lembro-lhe que a PT também tem essa máquina do demo que é completamente adorável!... Sinto-me sempre um pouco estranha quando entro naquele lugar cheio de gente em espera, me dirijo à dita máquina e... cinco minutos (se tanto!) depois, debaixo dos olhares indignados dos presentes, SAIO dobrando factura e recibo!

Tenho sempre que fazer um esforço para manter um ar inocente debaixo daqueles olhares acusadores!!... ehehhe

4:11 da tarde  
Blogger M Isabel G said...

Cinderela,
isto não é bem um vento de modernidade, mas mais uma brisazinha....

5:56 da tarde  

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