terça-feira, janeiro 23

Saldos

Vejo-as chegar exaustas à pastelaria, sentam-se, abrem os sacos, felizes, tagarelam, trocam impressões, fazem contas, o balanço, são as pechinchas do ano: absolutamente indispensável, um achado, dizem elas. Cruzam-se comigo na rua, sacos, saquinhos, decididamente mais achados irrecusáveis. Ouço-as falar ao telemóvel, "venho dos saldos...ténis dos miúdos... o casaco da montra..., a camisa, lembras-te... metade do preço..., diz à mãe... o autocarro... um achado, querida, um achado."
Entro nas lojas, as filas para o pagamento não me atemorizam, tento seguir-lhes os passos, os movimentos, o olhar, não desisto. "Um número grande, três numeros abaixo, só monos, não visto isto, inútil, caro, caríssimo, hesito, é mesmo aquilo. Era. Uma chata. E eu, incompetente uma vez, amadora toda a vida.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Lindo texto. Sinal dos tempos atuais!

9:26 da manhã  
Blogger Maria de Fátima Filipe said...

Ai menina, que vem mesmo tocar na minha perdição, um desassossego, um descalabro. Faço sempre actos de contrição tardios... mas a vaidade leva sempre a melhor!
:)

9:57 da manhã  
Blogger hcm said...

E como conseguem orçamento para a corrida aos saldos? Continua para mim uma gigantesca incógnita. Janeiro, mês "horribilis" para as minhas finanças, afigura-se-me como o menos próprio para essa aventura. Mas, vendo bem, já nenhum se mostra adequado... Ainda bem que ainda há quem possa "praticar esse desporto" porque assim podemo-nos divertir com o seu ar alucinado.
Beijinhos.

11:56 da manhã  
Blogger M Isabel G said...

Olá Helena,
Não tenho jeito nenhum, mas vendo bem nem é mau :)
Olha que a avaliar pelo que vejo, nem todos têm problemas financeiros...

Um beijinho

Ariel,
Nem nas feiras me safo...uma desgraça :)

3:41 da tarde  

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