Saldos
Vejo-as chegar exaustas à pastelaria, sentam-se, abrem os sacos, felizes, tagarelam, trocam impressões, fazem contas, o balanço, são as pechinchas do ano: absolutamente indispensável, um achado, dizem elas.
Cruzam-se comigo na rua, sacos, saquinhos, decididamente mais achados irrecusáveis.
Ouço-as falar ao telemóvel, "venho dos saldos...ténis dos miúdos... o casaco da montra..., a camisa, lembras-te... metade do preço..., diz à mãe... o autocarro... um achado, querida, um achado."
Entro nas lojas, as filas para o pagamento não me atemorizam, tento seguir-lhes os passos, os movimentos, o olhar, não desisto. "Um número grande, três numeros abaixo, só monos, não visto isto, inútil, caro, caríssimo, hesito, é mesmo aquilo. Era. Uma chata. E eu, incompetente uma vez, amadora toda a vida.
4 Comments:
Lindo texto. Sinal dos tempos atuais!
Ai menina, que vem mesmo tocar na minha perdição, um desassossego, um descalabro. Faço sempre actos de contrição tardios... mas a vaidade leva sempre a melhor!
:)
E como conseguem orçamento para a corrida aos saldos? Continua para mim uma gigantesca incógnita. Janeiro, mês "horribilis" para as minhas finanças, afigura-se-me como o menos próprio para essa aventura. Mas, vendo bem, já nenhum se mostra adequado... Ainda bem que ainda há quem possa "praticar esse desporto" porque assim podemo-nos divertir com o seu ar alucinado.
Beijinhos.
Olá Helena,
Não tenho jeito nenhum, mas vendo bem nem é mau :)
Olha que a avaliar pelo que vejo, nem todos têm problemas financeiros...
Um beijinho
Ariel,
Nem nas feiras me safo...uma desgraça :)
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