sábado, janeiro 20

"Globe-Trotter"

Globe-Trotter é a marca da arma que desencadeia as quatro histórias de Babel e também um filme à volta do mundo, que atravessa três continentes, culturas diferentes, religiões diversas e línguas distintas.
O realizador afirmou que Babelis basically about four stories about parents and children. Também acho melhor ir por aí. Dou-me mal com temas panfletários, filmes de causas e estereótipos. No filme há disto tudo um pouco: o mundo depois do 11 de Setembro, a fronteira Mexicana, a legislação sobe a emigração ilegal, o marroquino que não aceita o dinheiro, os turistas ocidentais desapiedados, a luta pela sobrevivência perante a ameaça da meio, crianças urbanas que se assustam com o desconhecido, a pré-adolescência à descoberta do corpo, jovens adultos a descobrir mais além, o turbilhão e o minimalismo dos ambientes nipónicos e claro, a incapacidade comunicar, a confusão das línguas, vingança de Deus pela ganância dos homens.
Pena que as personagens sejam só isso: tipos. Falta-lhes a consistência, ou o tempo que precisam para ir mais além do tipo. Apesar de abrilhantado por um Bradd Pitt sem o glamour habitual, pela candura elegante da Blanchett e por uma rising star, Gael García Bernal, não me parece que seja este estrelato (também ele oriundo de três continentes) a fazer a diferença. Por mim, achei pouco.
No entanto, longe de ser um filme claustrofóbico, fiquei a admirar-lhe os espaços, a luz, o céu do deserto mexicano, a serra dos pastores marroquinos e a noite iluminada do 30º andar da varanda japonesa, ao som de uma bonita banda sonora.
É também um filme que fala do amor (a mãe deportada que abraça o filho, o pai que mostra as fotografias das crianças, a mãe que lhes quer falar, um casamento) e dos demónios que teimam em sair: as memórias ainda frescas do bebé morto durante o sono e de uma mãe que se suicida. Mas ao mesmo tempo é um filme de reconciliação, da ama mexicana que reencontra o seu amor do passado, do casal que se encontra no infortúnio, da jovem surda muda que procura no corpo a fuga do seu silência e que no final aperta com força a mão do pai do pai.
Mas é o pai com o filho morto nos braços e a criança marroquina em lágrimas, torturado pela perda do irmão, onde melhor se transmite o amor de que o director nos que falar:
"I killed the American, I was the only one who shot at you. They did nothing... nothing. Kill me, but save my brother, he did nothing... nothing. Save my brother... he did nothing. "
(...) 5 And the Lord came down to see the city and the tower, which the children builded. 6 And the Lord said, Behold, the people is one, and they have all one language; 8 So the Lord scattered them abroad from thence upon the face of all the earth: and they left off to build the city. 9 Therefore is the name of it called Babel (confusion); because the Lord did there confound the language of all the earth: and from thence did the Lord scatter them abroad upon the face of all the earth. Genesis 11:1-9

3 Comments:

Blogger Margarida V said...

fenomenal, gostei imenso.

3:17 da manhã  
Blogger Unknown said...

Been there. done that !
Gostei bastante de Babel.
Um ínteressante exercício sobre a teoria do caos, a tal borboleta que bate a asa e induz uma série de efeitoa em cadeia...o mundo globalizado está cada vez mais assim, sujeito aos pequenos acontecimentos no "outro lado do mundo"...
Drop in Miss Pearls whenever you feel like.
Mi casa es tu casa...
Carpe Diem

6:46 da tarde  
Blogger Maria de Fátima Filipe said...

Ainda não vi o filme, este fim de semana foi mais Wozzeck (muito muito bom) e Stomp (recomendo a familias, não darão o tempo por mal passado, cheio de humor e com uma energia contagiante). Pelo que tenho lido não sei se me motivo a ver. Eu até gosto de filmes de causas, sejam elas boas e sejam os filmes realizados com talento, fazem-nos reflectir, senão tornam-se panfletos e isso é insuportável. Pelo que deduzo do seu texto também não me parece muito entusiasmada... se calhar passo...
:)

6:00 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home

eXTReMe Tracker